IMUNIZAÇÃO CONTRA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA.
IMPLICAÇÕES EM SAÚDE PÚBLICA
São inegáveis a ESPERANÇA e ANSIEDADE que tomaram conta dos segmentos envolvidos com o controle da LV e particularmente com o controle e tratamento da LVC. A vacina contra LVC seria o fim da grande polêmica, entre eliminar ou tratar cães soropositivos. Ainda mais: seria a possibilidade de se controlar com mais eficácia a expansão da doença humana. Perante tais perspectivas, cada segmento envolvido manifestou-se com maior ou menor ênfase ou, com maior ou menor esperança.
Os clínicos manifestaram-se otimistas e destacaram credibilidade à pesquisadora envolvida na descoberta da vacina, ao laboratório envolvido e ao Ministério da Agricultura, órgão responsável pela liberação do produto para uso comercial.
Os proprietários dos cães, sobretudo aqueles dos centros urbanos, mostraram-se aliviados com a perspectiva de não mais viverem sob o risco de terem seus animais contaminados e por isso condenados à morte pelos órgãos de saúde pública ou partirem para o tratamento, ainda que sob uma disputa judicial.
Já a saúde pública ponderou. Sob sua ótica, a vacina apresentada ainda não demonstrou, nos estudos publicados, sua imunização estéril, e são duvidosos os resultados para o auxílio ao controle da LV humana. Por isso, o Ministério da Saúde expressou, em nota técnica, que não foram ainda realizados estudos com relação ao impacto na incidência humana e canina, assim como estudos de custo/efetividade e custo/benefício. Diante da ausência dos referidos estudos, o Ministério da Saúde determina que a vacina Leishmune não seja utilizada como medida de controle da LV no Brasil; está coibido o uso do teto financeiro de Epidemiologia e Controle de Doenças para a aquisição deste produto; a rede pública de laboratórios não está autorizada a realizar tais exames com a finalidade de descartar a infecção canina para posterior vacinação e o diagnóstico sorológico dos animais a serem vacinados é de responsabilidade exclusiva do médico veterinário, que será responsável pelo animal vacinado e arcará com as despesas do diagnóstico (BRASIL – MINISTÉRIO DA SAÚDE - NOTA TÉCNICA, 26 DE NOVEMBRO DE 2003).
Além desta nota técnica, o Ministério da Saúde poderá considerar que animais vacinados que apresentem soroconversão após vacinação tenham sua eliminação recomendada, conforme o programa de controle de leishmaniose visceral de 2003. Esta atitude acarretará, sem dúvida, conflitos entre os segmentos envolvidos e urgentemente deve-se trabalhar em busca de soluções que gerem tranqüilidade ao cidadão que fica a mercê das políticas e interesses existentes.
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1 comentários:
É preciso dar um basta nos desmandos governamentais no enfrentamento dessa doença, cujos casos só aumentam. O governo despreza todas as alternativas no combate e tratamento, e não aponta caminho que não seja a morte dos animais. Precariedade total! Grande blog. Parabéns!
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