quinta-feira, 2 de julho de 2009

Leishmaniose - Dúvidas Leitores

1) O meu cão tem leishmaniose e a minha cadela está prenha dele, há risco de contágio para ela e para os filhotes? E se a fêmea tiver a doença, ela pode transmitir também aos filhotes?

R: A transmissão da leishmaniose ocorre principalmente a partir da picada do inseto vetor contaminado. A transmissão congênita ou pelo coito não foi descrita em cães, embora alguns pesquisadores considerem essa possibilidade. Por não terem sido conduzidos estudos da aplicação da vacina em fêmeas prenhes, não se recomenda a vacinação nesses animais, mesmo com exames negativos. O que se deve levar em consideração para as fêmeas portadoras de leishmaniose é que as mesmas devem ser esterilizadas porque o cio provoca diminuição das defesas do organismo e pode causar recaída na doença. A imunodepressão do período de gestação faz com que a gestação seja complicada tanto para cadela quanto para os filhotes.

2) Existe alguma doença que se possa confundir com a leishmaniose canina ou em humanos?

R: O diagnóstico clínico, tanto no humano quanto no animal, irá depender da localização (áreas endêmicas), mas se torna difícil devido a variedade de sinais clínicos. Várias doenças apresentam sinais clínicos semelhantes: Erlichiose, Pênfigo, Lupus Eritematoso, Babesiose etc). Os exames mais tradicionais são o ELISA e RIFI (Reação de Imunofluorescência Indireta. Os melhores exames, no momento, para o diagnóstico da LVC é a Punção de Medula Óssea e o PCR de Medula Óssea, além do PCR. O PCR apresenta 94% de sensibilidade, maior do que a pesquisa parasitológica, cultura, isolamento em hamsters e sorologia. Além disso, detém a vantagem de possibilitar estudos epidemiológicos com cães assintomáticos em áreas endêmicas. Sua limitação para uso em larga escala é baseada no custo, disponibilidade de reagentes, equipamentos e pouca adaptabilidade do método ao campo. Não obstante, os resultados dependem de variáveis como: área endêmica; tipo de amostra; alvo do DNA utilizado para amplificação; e método de extração do DNA. Há outros exames complementares, os quais, são igualmente fundamentais: Creatinina, Uréia, ALT, Proteinograma e Hemograma.

Como método laboratorial para diagnosticar cães, o Ministério da saúde utiliza um diagnóstico imunológico, baseado na detecção de anticorpos principalmente IgG e especialmente IgGI anti-Leismania ou respostas celulares específicas e são: os testes EIE- Leishmaniose Visceral Canina ou IFI- Leishmaniose Visceral Canina. O problema é que, quando usados como único método de diagnóstico, tais exames, aplicados isoladamente, são testes presuntivos, e não conclusivos, e levam ao sacrifício de animais sadios, mas tidos como doentes (falsos positivos). A Agência Fiocruz de Notícias reafirma a pouca confiabilidade do teste de ELISA (EIE) empregado, sugerindo que o mesmo tem especificidade de 87,5% e que sua confiabilidade aumentaria se utilizado em conjunto com o outro teste “IFILeishmaniose Visceral Canina”, o que não vem sendo feito em prejuízo para animais saudáveis que vêm sendo sacrificados como se estivessem doentes. Numa carta publicada nos Cadernos de Saúde Pública, o pesquisador Filipe Dantas-Torres, comentando um trabalho de Leishmaniose, afirma que:
“O trabalho traz à tona a antiga questão dos métodos sorológicos (IFA e ELISA) que são utilizados, a meu, ver, erroneamente, como critério diagnóstico definitivo da infecção em cães, no Brasil.” E continua, mais abaixo: “Logo, afirmar que os cães soropositivos na IFA estejam, necessariamente, infectados, é um erro corriqueiro que nós, pesquisadores, não podemos mais cometer, no Brasil.

Vale considerar também que, por um erro de laboratório mais 400 cães que não eram positivos foram sacrificados, na cidade de Araçatuba-SP. Portanto, no diagnóstico sorológico da LV é necessário considerar o diagnóstico diferencial com outras doenças.

3) Vale a pena tratar um cachorro que está com leishmaniose visceral?

R: Na verdade é que a Leishmaniose é a doença que causa maior polêmica e controvérsia principalmente entre os médicos veterinários, ainda mais quanto o assunto é tratamento ou eutanásia, por se tratar de uma zoonose, que é sempre bom ter muita cautela. Existe tratamento para a Leishmaniose canina, cujo procedimento é rotineiramente adotado na Europa e Estados Unidos. Se você optar pelo tratamento, saiba que o animal deve ser clinicamente avaliado a cada dois meses, ou seja, 6 consultas por ano e controle através de exames laboratoriais de três em três meses, ou seja, 4 baterias de exame por ano. Isso exige do responsável pelo animal um compromisso. Razões porque vale a pena:

(a) de que existem no Brasil profissionais que se dedicam ao estudo sobre a doença com o objetivo de mostrar que a eutanásia em cães como Único método de controle da doença é ABSURDO, INEFICIENTE e RETRÓGRADO;

(b) que o tratamento é recomendado e deve ser legitimado, desde que o proprietário e o veterinário sigam as recomendações;

(c) que o cão em tratamento não é transmissor da doença;

(d) são inúmeros os trabalhos comprovam que o cão, como o ser humano, é vítima de uma indefinição na política de combate à Leishmaniose, que deveria ser focada precipuamente no controle dos vetores (mosquitos) e educação ambiental;

(e) que dentre as medidas do programa de controle, a eliminação de cães soropositivos é a que apresenta menor suporte técnico científico;

(f) que na Europa e Estados Unidos, a Leishmaniose Visceral Canina é tratada com medicamentos produzidos por empresas especializadas em medicamentos Pet´s;

(g) que livros Nacionais de Medicina Veterinária Interna inclusive trazem protocolos de tratamento, mostrando que esta prática é possível. Se assim não fosse, certamente tais publicações seriam fruto de charlatanismo, o que absolutamente não é o caso;

(h) que existem vários trabalhos científicos, pesquisadores, estudantes, realizando trabalhos com plantas medicinais brasileiras, no intuito de viabilizar uma forma diferente do tratamento atual;

(i) o Tratamento da Leishmaniose Visceral Canina pode ser feito utilizando diferentes drogas que não são de uso humano, como “proibido” pelo Ministério da Saúde;

(j) as drogas para o tratamento da Leishmaniose Visceral Canina são muito baratas e podem ser inclusive, manipuladas em farmácias. Clique aqui para ver o custo do tratamento.

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