Tenho recebido vários e-mails do pessoal da cidade de Osvaldo Cruz. Vendo algumas reportagens sobre a cidade, incluindo em jornais da região, como a TVTem, fiquei muito assustada com o número de cães exterminados... Mas não mais que isso. Me assusta sim o número de vítimas humanas que a cidade acumula.
Só que muito, muito, muito mesmo, mais que tudo isso, foi a declaração de duas autoridades de saúde locais.
Vejam os trechos da máteria:
"As autoridades em saúde local voltaram a alertar para o papel do cidadão na quebra do ciclo do mosquito da leishmaniose. “Não adianta retirar os cães contaminados dos quintais se na casa da pessoa ou na vizinhança ocorrerem as condições propícias para a reprodução do mosquito que transmite a doença (grifo meu)”, disse Adalton Stocco, da equipe de controle de Vetores da Secretaria Municipal de Saúde.".
Acompanhe outro trecho:
“Portanto é necessário que a população também colabore eliminando essas condições de reprodução do mosquito. Não adianta retirarmos os animais doentes se o inseto encontra condições propícias para se reproduzir e continuar picando novos cães e pessoas. Temos que eliminar o material orgânico dos quintais”, disse o secretário de Saúde, Luiz Sérgio Mazzoni.
Amigos que acompanham o Blog.
O depoimento dessas duas autoridades deixam claro a todos nós a INFEFICÁCIA da Eutanásia dos cães, seja no Brasil, seja no Município de Osvaldo Cruz. Eles afirmam, em matéria, que o foco deve ser a eliminação do mosquito, principalmente contando com a colaboração dos habitantes da cidade.
Meus caros, como a população pode auxiliar as autoridades de saúde, quando essas mesmas, entram na casas, examinam os cães, e ainda obrigam os mesmos a entregarem para eutanásia? E mais, ele próprio diz que não adianta nada. Ambas autoridades afirmaram "não adianta nada". Se não adianta nada, o que estão fazendo? Que caminho estão buscando? Que programa é esse? Esse programa inclui controle da superpopulação de cães? Há controle de natalidade dos cães? A prefeitura iniciou na prevenção e divulgação da doença antes ou depois dos casos humanos?
As medidas tomadas pelo governo dos estados e municípios brasileiros ocorrem geralmente após o aparecimento de focos epidêmicos. Estas medidas resumem-se em tratamento da enfermidade de humanos e extermínio de cães, sendo que a eutanásia de animais tem se mostrado ineficaz ao combate da doença, onerosa aos cofres públicos e discordando com a legislação brasileira vigente. E o mais curioso é que o secretário de saúde sabe disso!
Vamos comprovar pelos números e pelas estatísticas!
No período de 1996 a 2000 foram examinados 3.960.982 cães, dos quais 98.473 (2,49%) foram positivos, 125.050 foram eliminados e 1.151.894 domicílios foram borrifados. Estes dados sugerem que 2 a 3% de infecção canina seja a menor prevalência de infecção do cão que podemos obter com a atual estratégia de controle. Séries históricas de prevalência de infecção do cão e incidência de casos humanos mostram que enquanto a prevalência se mantém estável a incidência tem apresentado um comportamento cíclico.
Utilizando como exemplo: numa taxa de 10% de população canina com sorologia positiva, 40% deles têm sinais clínicos da doença, 60% deles não têm. Acompanhando durante um ano, observamos que dos cães com sinais clínicos, 90% deles estarão mortos e 10% vão continuar na mesma fase da doença (Calazar sub-agudo do cão); dos assintomáticos, que são a maioria, 20% vão evoluir para forma sintomática, 20% evoluem para o óbito, 10% continuarão assintomáticos (fase crônica) e 50% evoluem para cura espontânea. Existe uma população resistente e outra suscetível. Após 1 ano, muitos têm parasitas na pele, sendo fontes de infecção efetiva, mas podem evoluir para cura espontânea. Se a eliminação de cães infectados fosse um método efetivo e sustentável, admitimos que sua estratégia de controle não tem sido utilizada de forma adequada, pois os resultados obtidos não são satisfatórios, pelos seguintes fatores:
- A técnica de diagnóstico da infecção no cão pela imunofluorescência realizada no eluato de sangue coletado em papel de filtro apresenta uma baixa sensibilidade;
- É muito longo o tempo decorrido entre a identificação do cão contaminado e sua eliminação;
- Torna-se impossível identificar e eliminar todos os cães contaminados;
- O controle do vetor não tem sido feito de forma adequada, principalmente no que tange à sua cobertura e freqüência de borrifação
As duas primeiras falhas do problema já possuem uma solução, pois podem ser resolvidos com um método de diagnóstico mais sensível, já discutidos amplamente. A eutanásia de animais é um tipo de medida que há muito tempo não é mais utilizada na Europa, tendo em vista que apresenta um alto custo. Dizemos alto custo porque a droga utilizada para eutanásia tem valor alto. Mesmo assim, há diversas denúncias contra Centros de Zoonoses que não utilizam de métodos éticos e pior: o destino dos cadáveres eutanasiados não é o apropriado, gerando uma problema ainda maior de saúde pública.
A eutanásia de animais se tornou uma medida ineficaz por diversos motivos:
- a resistência dos donos em eliminar seus cães;
- problemas de ordem operacional: tempo extenso entre a coleta e a retirada do animal, levando o serviço ao descrédito pelo proprietário;
- a falta de infra-estrutura nos municípios para a adoção em larga escala;
- velocidade em que os cães são repostos;
Por isso amigos de Osvaldo Cruz a minha dica para vocês é: UNAM-SE
Junte os seus amigos, familiares, vizinhos, e façam uma NOTA DE REPÚDIO ou CARTA DE REPÚDIO.
Outra maneira de conseguir, judicialmente, formas legais se combater à eutanásia é através de uma Ação Civil Pública. A Sociedade Protetora dos Animais do Distrito Federal apresentou, no início de dezembro, uma ação civil pública ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). No documento, a instituição solicita alterações nos procedimentos adotados pela Secretaria de Saúde em relação à Leishmaniose. A decisão de fazer a representação se deu no momento em que o Ministério da Saúde determinou o sacrifício de cães, em virtude da divulgação de um levantamento feito pela Vigilância Ambiental do DF com registro de que 18% dos sete mil cães que vivem na região do Lago Norte estão infectados. O resultado da pesquisa de sorologia e a decisão de sacrificar os animais são contestados pela ONG. No documento encaminhado, a instituição solicita ao MP que determine à Secretaria de Estado de Saúde do Governo do Distrito Federal que "se abstenha de realizar, sob seu rogo, eutanásia ou exigir dos proprietários de animais a realização de eutanásia de animais que tenham sido submetidos exclusivamente a um tipo de exame sorológico (seja pela técnica RIFI ou ELISA), com efeito meramente de triagem, considerada a inaptidão de um único teste para isoladamente diagnosticar o animal como portador de LVC; bem como daqueles animais cuja devida contraprova pelo exame de PCRnão for realizada, para o efetivo diagnóstico".
No início deste mês, Marina Corbucci, diretora geral da ProAnima, prestou esclarecimentos ao Promotor de Defesa dos Direitos dos Usuários do Sistema Único de Saúde, Jairo Bisol. A instituição foi convocada para falar sobre a campanha realizada com os moradores do Lago Norte, na qual foram distribuídos folhetos com orientações sobre como proceder em caso do exame sorológico ser positivo. “Nossa luta é para que o Governo do Distrito Federal faça mudanças na política pública de controle da leishmaniose”. Corbucci explica que é importante que os donos dos cães tenham a chance de fazer a contraprova com veterinário particular.” Segundo ela, o diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina (LVC) é complexo e necessita da realização de mais de um exame laboratorial, associado ao exame clínico do animal, realizado por médico veterinário. A dirigente também ressalta que o avanço da doença nas cidades está associado ao desequilíbrio ecológico causado pela expansão urbana desordenada e pelo desmatamento, e que as políticas públicas precisam incluir o combate ao vetor da doença.
A ProAnima defende que a população seja informada sobre alternativa de tratamento dos animais, quando diagnosticada a presença do parasita. A instituição argumenta, ainda, que a decisão de sacrificar o animal deve caber exclusivamente ao seu proprietário. O documento entregue ao MP sutenta que a Gerência de Controle de Reservatórios e Zoonoses, órgão executor da Secretaria de Saúde do DF, “sob o pretexto de controle do avanço da Leishmaniose Visceral Canina no Distrito Federal, tem induzido a população ao erro e acarretado o extermínio de animais supostamente portadores do agente causador da LVC”. Na representação, a ProAnima chama atenção para o fato de que “o inquérito epidemiológico gera uma super-estimativa dos casos positivos e, quando interpretado indevidamente como diagnóstico, leva ao extermínio de animais sadios".
Fonte: OLA
Se interessou por esse documento? Veja o trecho já postado no Blog. Clique aqui.
Manifesto, ação civil, divulgação, nota de repúdio, publicações em jornais da cidade, parceria com Ong´s,
Insituições Protetoras dos Animais. Mobilizem-se! Vale a pena.
Se na cidade não existem Associações Protetoras, você pode pedir ajuda de outras entidades para auxiliar na Campanha.
Mas não se esqueçam! Limpem seus terrenos, cuidem de seus animais, usem repelentes, coleiras e inseticidas! Façam a sua parte!
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