A histeria provocada nas cidades após levantamento de casos de Leishmaniose faz com que o controle e prevenção fiquem mais difíceis. Isso ocore por vários motivos: a maneira com que a informação é transmitida ( o sensacionalismo, o apelo das notícias), a falta de critérios utilizados no Brasil, a imposição das leis contra o tratamento, a carência de estudos sobre a doença, a própria condição da doença como negligenciada, etc.
Por isso, aos proprietários e interessados no assunto, é muito importante buscar conhecimentos sobre a doença e permitir e fomentar as informações principalmente sobre prevenção, a existência e a possibilidade do tratamento e o embasamento jurídico para tal.
Aqui irei abordar o problema de erros conceituais e metodológicos, segundo Dr. Felipe Dantas Torres, publicado em artigo intitulado Infecção, soropositividade e doença: qual a diferença?
Segundo o autor, “afirmar que os cães soropositivos na IFA estejam, necessariamente, infectados é um erro corriqueiro que nós, pesquisadores, não podemos mais cometer, no Brasil.” Ele explica que dizer “ infectados pela LVA” é outro erro conceitual, visto que “quem se infecta, se infecta pela L. (L.) chagasi, tornando-se soropositivo e/ou doente. E compara esse conceito ao termo já de uso: quem se infecta com o vírus do HVI pode ou não desenvolver a doença AIDS. Traduzindo para o caso da leishmaniose, quem se infecta pelo parasita L. chagasi pode desenvoler soropositividade (doença).
No caso da leishmaniose visceral, é de suma importância o conhecimento de que nem todo o animal portador do protozoário é transmissor. Quando o cão apresenta o protozoário, deve ser feito um tratamento e acompanhamento para que os sintomas clínicos não evoluam e que ele não se torne também um transmissor.
No entanto, há grande polêmica quando se trata do termo Soropositividade. A priori significa portador de doença. No entanto, afirmar que um cão é soropositivo após a ÚNICA realização de testes conhecidos como ELISA e RIFI, pode ser falsa constatação. Isto é, você não pode ter esse método como um diagnóstico definitivo, para afirmar que um cão é ou não portador. Sabemos que o teste ELISA só é capaz de detectar anticorpos antileishmânia de 1,5 a quatro meses após a infecção, em média. Assim, mesmo apresentando sorologia negativa para Leishmaniose Visceral Canina, deve-se levar em conta o período de incubação da doença, não detectados aqui. Além disso, cães com resultado de soropositividade, não atestam 100% uma verdade, visto que pode estar ocorrendo reação cruzada com outras patologias. Apenas o exame sorológico não indicará a leishmaniose, mas sim o contato ou não com o protozoário leishmania.
Por isso, afirmar que um cão tem a doença (soropositivo) depois de averiguar ambos métodos, requer muita cautela e atenção. Um diagnóstico de leishmaniose não é tão simples. Sabe-se que a utilização de um conjunto de diagnósticos disponíveis apresentam melhor eficácia. Estes, usados de forma combinada, podem diminuir o número de leituras de "falsos negativos”, e também, ocorreria a diminuição do número de "falsos positivos", evitando a eutanásia de cães sadios. Há vários trabalhos que comprovam a ocorrência de reação cruzada (leia aqui).
Fique atento e exija a sua contra-prova e defenda o seu direito caso o tratamento seja indicado!
DIAGNÓSTICO COMPLETO DEFINITIVO:
- PARASITOLÓGICO:
Punção de medula óssea
Punção de linfonodos palpáveis
Punção hepática e esplênica
Biópsia de pele e/ou vísceras
- SOROLÓGICO:
Imunofluorescência indireta(RIFI): pode haver reação cruzada com B. canis e E. canis ** As causas de falso-positivo podem estar associadas a: (a) Má interpretação do técnico, (b) Arbitrariedade diagnóstica ou (c)Reação cruzada: Trypanosoma spp. (T. cruzi), Leishmania (L. tropica, L. mexicana e L. braziliensis), Babesia (B. canis), Erliquiose Canina, Rangelia vitalii?
ELISA
- PATOLOGIA CLÍNICA:
Hemograma: inespecífico
Provas de função renal: uréia e creatinina
Provas de função hepática: ALT e Fosfatase
Proteinograma: hipergamaglobulinemia
- MOLECULAR:
PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) mostrou ser uma metodologia promissora para estudos de quantificação da carga de DNA de Leishmania.
- DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
SEBORRÉIA
PIODERMATITE
DERMATOFITOSE
DEMODICOSE
ATOPIA
ESCABIOSE
LÚPUS/PÊNFIGO
Leia mais:
COMPARAÇÃO DE TÉCNICAS SOROLÓGICAS PARA A IDENTIFICAÇÃODA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA (LVC) VISANDO A OTIMIZAÇÃODO DIAGNÓSTICO EM INQUÉRITOS EPIDEMIOLÓGICOS (aqui)
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