quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A Alimentação de cães com Leishmaniose Visceral

O Blog responde: Por que cães com leishmaniose devem ter dieta alimentar específica?

Apesar dos rins constituírem sede de lesões na leishmaniose visceral, essas lesões não se devem, inicialmente, à presença do parasita, mas são decorrentes da deposição de imunocomplexos circulantes que se depositam na membrana basal glomerular. As leishmanias se multiplicam em macrófagos do fígado, produzindo uma hepatite ativa crônica e, ocasionalmente, hepatomegalia, vômitos, poliúria, polidipsia, anorexia e perda de peso As inúmeras alterações ocorridas resultam em um processo de insuficiência renal, demonstrada por valores de uréia e creatinina elevados e pelo aumento nos valores das enzimas hepáticas (ALT e FA).

As dietas com redução de proteína auxiliam como preventivo das lesões renais/hepáticas. Sabe-se que animais alimentados basicamente com dietas ricas em proteína de origem animal tendem a produzir urina ácida; em contrapartida, animais que são alimentados com dietas ricas em cereais e vegetais, de um modo geral, tendem a formar uma urina alcalina.

Em se tratando de leishmaniose canina, as dietas devem ser sob orientações médica e individualizada, isto é, as receitas são dirigidas individualmente para cada animal, pois leva-se em consideração o estado de saúde do mesmo. Não estamos falando de uma receita padrão ou geral. Cada animal necessita de uma dieta específica para o seu caso. Converse com seu veterinário!

Quais as opções de dieta?

A COMIDA CASEIRA

O maior atrativo da comida caseira é a palatabilidade. A comida caseira pode se tornar um bom alimento para o seu animal de estimação se for balanceada, ou seja, formulada de maneira a conter todos os nutrientes exigidos. Ela deve ser prescrita por profissional experiente, jamais ministrada sem formulação correta. Há também o perigo da armazenagem, pois comidas caseiras estragam com facilidade. Por isso, elas devem ser preparadas a cada dia. O Dr. André Luis possui dicas de como reduzir a quantidade de proteína dos animais com LVC (Veja abaixo).

RAÇÃO

O uso da ração é muito prático, além de poder permanecer exposta ao meio por mais tempo, mais nunca mais do que um dia. São muito freqüentes os problemas causados por uma alimentação não balanceada. Alguns proprietários e criadores, na tentativa de alcançar estruturas perfeitas, muitas vezes fornecem excessos de minerais e vitaminas, causando problemas de conformação. Outros com pena de fornecer somente a ração acabam fornecendo somente carne. Ainda existem aqueles que acham que polenta é o melhor alimento. A alimentação não balanceada, ou seja, com falta ou excesso de nutrientes pode comprometer a saúde do animal para o resto da vida. É o caso de cães com leishmaniose. A ração indicada para esses casos, são rações medicamentosas, isto é, específicas para cães com problemas renais ou hepáticos, ou rações vegetarianas, que não contém proteína animal, ou seja, são rações que contém outras fontes de proteínas, como a vegetal, e por isso são chamadas de vegetarianas (não confundir com ração vegetal ).

Ração Medicamentosa

Relacionando a medicina veterinária com a medicina humana muitas são as semelhanças de patologias e sintomas. Hoje existem rações para o animal cardíaco, animais com cálculo renal, animais com digestão difícil, animais com deficiência protéica, animais em convalescênça após doença debilitante. As opções para o veterinário estão abertas.
Animais com problemas hepáticos e problemas renais merecem e precisam utilizar alimento especial. Desta forma a ração medicamentosa é a dieta apropriada de importante adjuvante no tratamento médico. A medicina veterinária praticou soluções inteligentes pois se já é difícil controlar a dieta do ser humano pelos nutricionistas, que dirá a dos animais.
A base de ração medicamentosa, o proprietário pode vigiar apenas a quantidade ingerida nas refeições do animal e se resguardar muitas vezes do uso de comprimidos, de medicamentos ou a difícil preparação de alimentos especiais diariamente.
A ração é solução prática para a dificuldade do balanço nutritivo dos animais. Diminuem-se as preparativos na fabricação dos ingredientes especiais como se faz em cozinhas de hospitais humanos. A importância das rações medicamentosas esta na eficácia de um tratamento que reduz o manejo com a administração farmacológica manual em troca do novo hábito alimentar. Não é nenhum segredo que a alimentação é de grande importância em qualquer tratamento ou prevenção de doenças, resta sabermos qual a mais apropriada, ou melhor dizendo indicada para o caso do seu animal.
Talvez a maior dificuldade esteja no custo destes produtos e na disponibilidade constante para a venda. Afinal algumas patologias podem requerer a dieta especial por muito tempo ou até a vida toda. Vale lembrar que rações medicamentosas precisam de receita médica e devem ser recomendadas pelo veterinário do seu animal.

Mas não se pode esquecer que as rações medicamentosas são consideradas auxiliares no tratamento de alguma enfermidade. Elas não curam, sua função é contribuir para a melhora do quadro clínico do animal. Não é o preço que faz a ração, é a qualidade da ração que determina o seu preço.

Ração Vegetariana

As rações vegetarias são 100% de origem vegetal. Diferem das rações vegetais, porque nestas, existem proteínas animais.

A ração vegetariana tem sido já utilizada em alguns canis com sucesso. É muito indicada para cães com intolerância à proteínas e gorduras de origem animal, caracterizada por dermatites alérgicas e episódios gastrointestinais. Por apresentar um nível baixo de sódio é uma boa e segura opção para cães cardiopatas, idosos e com problemas renais.

No Brasil, uma marca conhecida é a FRIDOG PREMIUM VEGETARIANA, 100% vegetal, contendo 25% de proteínas de alta digestibilidade e palatabilidade. Contém todos os nutrientes, proteínas, vitaminas e minerais essenciais para proporcionar saúde e energia para seu cão de todas as raças e níveis de atividade.

Saiba mais: Fridog

DIETA COM PROTEÍNA REDUZIDA PARA CÃES (Dr. André Luis)
- 120 gr. de carne moída magra (não usar carne moída de pescoço, paleta ou costela)
- 2 xícaras de arroz branco cozido sem sal
- 1 ovo cozido duro, picado bem fino
- 3 fatias de pão branco, cortadas em pedaços
- 1 colher de sopa (rasa) de farelo de trigo
Cozinhar a carne em frigideira, mexendo até ficar ligeiramente frita. Adicionar os ingredientes restantes
mexendo sempre até misturar bem. Se quiser, colocar mais água (e não leite).
Manter em geladeira em recipiente com tampa.
Rendimento 567 gr.
PESO CORPORAL PORÇÃO DIÁRIA
2 Kg. 100 gramas
5 Kg. 250 gramas
10 Kg. 500 gramas
20 Kg. 750 gramas
30 Kg. 1 quilo
40 Kg. 1,250 quilos.
50 Kg. 1,5 quilos
Como suplemento vitamínico, dar Hemolitam (Veterinário) ou Clusivol (Humano) na quantidade de 1 a 5
ml por animal, todos os dias.
Não sendo possível utilizar esta dieta, alimentar o animal com a ração de cão adulto mas misturada
com arroz cozido com muito pouco sal na proporção de 1/3 (por exemplo: 1 xícara de ração + 2
xícaras de arroz (ou macarrão) + 1 colher de óleo na alimentação (óleo de soja, milho etc))

Atenção!

Dietas preparadas à base de alimentos caseiros ou rações medicamentosas devem ser instituídas apenas sob orientação do veterinário!

Fontes:

LUVIZOTTO, M. C .R. Alterações Patológicas em Animais Naturalmente Infectados. In: 1º Fórum sobre Leishmaniose Visceral Canina. Anais do Colégio Brasileiro de Parasitologia Veterinária. Jaboticabal: 2006.

LUVIZOTTO, M. C. R. Diagnóstico da Leishmaniose Visceral Canina (LVC). In: Manual técnico: Leishmaniose Visceral Canina. Disponível em www. leishmune.com.br,

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