segunda-feira, 7 de junho de 2010

LEISHMANIOSE: Matar animais resolve?

 

NOSSOS ANIMAIS CORREM RISCO

A LVC está chegando à cidade de São Paulo, portanto é um problema que está para atingir a todos os que nunca se preocuparam com a doença.

O Decreto Federal do senado, nº 51.838, de 14 de março de 1963, condena todos os animais com suspeita de Leishmaniose Visceral Canina a serem mortos.

O Brasil é o único país no mundo que não trata a doença em animais.

A Leishmaniose Visceral é considerada uma antropozoonose e atualmente está entre as seis endemias prioritárias do mundo (OMS). Essa doença apresenta ampla distribuição mundial e mais de 90% dos casos que ocorrem na América Latina, são diagnosticados no Brasil.

Hoje no país existem focos da doença em 19 Estados e surgem cerca de 3500 casos humanos a cada ano.

Curiosamente o Ministério da Saúde até agora não conduziu testes para o tratamento da doença, tendo publicado em seu último boletim sobre a doença praticamente o mesmo teor do anterior, desprezando totalmente as novas informações obtidas por médicos e pesquisadores da área.

Hoje, por conta de um Decreto Federal do Senado, nº 51.838, de 14 de março de 1963, condena todos os animais com suspeita de Leishmaniose Visceral Canina a serem mortos, e como se não bastasse, uma Portaria Interministerial nº 1.426, de 11 de julho de 2008, proíbe o tratamento de cães com a doença, com produtos de uso humano ou não registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (sendo que nenhum medicamento contra a Leishmaniose Visceral Canina consegue ser registrado no Ministério da Agricultura).TEXTO DE VANICE ORLANDI:

"Inexiste razão para se vedar o tratamento canino com drogas de uso humano, uma vez que 100% dos tumores em cães, 80% das infecções e muitas outras enfermidades que os acometem, são tratadas com medicamentos de uso humano."

A resistência ao tratamento da LVC e a possível seleção de cepas resistentes é um questionamento realizado pelo Ministério da Saúde e tem por base alguns estudos que sugerem esta possibilidade, porém também não a confirmam se tratando do parasito encontrado nas Américas. Assim, se faz necessário mais pesquisas para elucidar o assunto.

O cão é considerado o principal reservatório doméstico, servindo como fonte de infecção para o inseto vetor, porém outros animais como raposas, gambás e roedores, também são reservatórios da doença, contudo a política de controle da doença instituída é a “confortável” da matança de cães.

A utilização da vacina só é permitida em área endêmica, portanto não há como nos prevenir e proteger nossos animais.

TEXTO DE VANICE ORLANDI:

"Ao não recomendar a prevenção da LVC por vacina, e ainda vedar o seu tratamento, o Ministério da Saúde extingue caminhos alternativos à eutanásia,  barra a resistência à sua aplicação, e institui a matança como a única alternativa possível ao controle da doença."

Tanto pesquisadores quanto a OMS (Organização Mundial de Saúde) condenam a prática de matança de animais utilizada no Brasil como medida de combate à doença.

TEXTO DE VANICE ORLANDI:

"Recente revisão sistemática solicitada pela OMS concluiu que o controle dos vetores, o uso de repelentes e inseticidas e a vacinação de cães seriam mais eficazes do que o abate de cães, e que tal estratégia é cada vez mais controversa em razão da incidência da Leishmaniose humana manter-se em crescimento, mesmo com a prática da matança de animais por mais de quarenta anos.

A eliminação de animais ainda se presta a desviar o verdadeiro foco da questão que é o combate ao vetor, o flebotomíneo (mosquito palha) responsável pela transmissão da doença. Segundo especialistas, a prioridade deveria ser dada ao combate ao mosquito, em vez da atual ênfase conferida ao controle de reservatórios caninos, matança de animais". Em outras palavras, seria como se matássemos as pessoas infectadas pela Dengue e deixássemos de combater o Aedes aegypti(mosquito que transmite a doença).

Atualmente os principais métodos utilizados para o diagnóstico sorológico são: o ELISA (imunoenzimático) e a RIFI (imunofluorescência indireta), e objetivam detectar anticorpos contra Leishmania, porém estes apresentam um alto índice de resultados falso negativo pela demora que o animal leva para apresentar a infecção (em média três meses após ser contaminado) e falsos positivos, já que outras doenças podem apresentar reações cruzadas como: chagas, toxoplasmose, erliquiose, co-infecção por erliquiose e babesiose e neosporose (Zanette, et al., 2006), estudos indicam que os diagnósticos de falsos positivos chegam a 48%, sendo portanto, o exame parasitológico o mais indicado para o diagnóstico seguro e considerado como o teste padrão ouro para detecção da doença. Ou o teste sorológico utilizando proteínas recombinantes que aumenta a especificidade do teste minimizando a ocorrência de reações cruzadas.Está na hora de todos se preocuparem com esse risco iminente.


FONTE: Este texto tem caráter informativo para um problema que coloca em risco iminente nossos animais, e foi escrito à partir de trechos de documentos escritos por Vanice Orlandi ( Advogada e presidente da UIPA-SP), em rosa,  e Dr.  Marcio Moreira ( Médico veterinário, dedicado ao diagnóstico laboratorial das doenças; graduado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP – Araçatuba); Mestrado em Fisiopatologia pelo Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), pesquisando o diagnóstico da leishmaniose visceral canina; Responsável pelo Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário da Universidade Anhembi Morumbi (HOVET-UAM); Pesquisador do Laboratório de Patologia Animal da UNESP – Araçatuba)

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