segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Alternativas Contra o Sacrifício

 

Os clínicos veterinários de Belo Horizonte decidiram lutar contra o sacrifício de animais com leishmaniose, doença que afeta a população canina da capital mineira. Em vez da eutanásia, propõem tratamento capaz de prolongar a vida. A campanha foi deflagrada pela Anclivepa-MG, cujo presidente, Manfredo Werkhauser, se mostra preocupado com o avanço da doença na região Sudeste.

- Nas regiões Norte e Nordeste, principalmente Belém, São Luís, Teresina, Fortaleza, Recife e cidades do interior, a doença já se estabeleceu há algum tempo. O que se observa é a propagação para o Sudeste, pois o mosquito Lutzomia longipalpis existe em todas as regiões. Tendo um reservatório [animal] silvestre ou doméstico que migra, o ciclo se fecha. Em Belo Horizonte, não há mais bairros sem casos de calazar, e em alguns municípios de Minas Gerais, como Montes Claros, 30% da população canina estão acometidos. Colegas do Rio de Janeiro informam que já foram detectados vários casos em Itaguaí, Santa Cruz, Pedra de Guaratiba e Mangaratiba. Em São Paulo, o ambulatório da USP registrou dois casos autóctones na capital.

O sinal de alerta para Belo Horizonte veio em 96, quando aproximadamente cem mil amostras de sangue colhidas em cães da cidade revelaram 4,5 mil resultados positivos para calazar. De acordo com Manfredo Wekhauser, a taxa de 4,5% não significa necessariamente que todo animal parasitado deva ser eutanasiado. Ele defende uma política de tratamento, e argumenta que este é o caminho adotado em países com taxas semelhantes, como Espanha (5 a 10%), Itália (14 a 23%), França (3 a 17%) e Portugal (8 a 11%). ÒO cão não é o vilão da história, e sim o mosquito, define.

O presidente da Anclivepa-MG lembra que a partir de 92 a entidade tomou conhecimento da propagação da doença através do inquérito epidemiológico feito pela prefeitura de BH. Desde então, vem sendo realizada a eutanásia dos cães positivos, o que gerou a reação dos clínicos veterinários, como explica Werkhauser:

Na ocasião, mostramos ao então secretário de Saúde que não adiantava sacrificar o reservatório sem fazer o controle do mosquito. Em resposta à alegada falta de verbas e de homens treinados para aplicação de inseticida, a Anclivepa começou a orientar os proprietários de cães acometidos, ensinando a borrifar com piretróides a área em torno dos domicílios. Depois, analisando relatórios da Secretaria de Saúde desde 1993, pudemos comprovar nas estatísticas relativas à incidência de leishmaniose em Belo Horizonte que os casos só aumentavam, mesmo com o sacrifício dos cães positivos. E agora, recentemente, a partir de agosto de 97, os clínicos, impotentes e desgastados de tanto sacrificar cães sob orientação do Serviço Municipal de Controle de Zoonoses, resolveram adotar os mesmos procedimentos e protocolos de tratamento realizados na costa do Mediterrâneo. A saída era priorizar um trabalho de atualização em relação ao calazar. Conhecer a experiência do exterior foi uma das iniciativas adotadas pela Anclivepa-MG a fim de encontrar uma alternativa à eutanásia dos cães. Para isso, a entidade convidou a professora e pesquisadora Guadalupe Miró, da Faculdade de Madri, que trouxe novos conceitos nesta área.

- Com o protocolo utilizado em países como Espanha, Portugal, Itália e França, os médicos veterinários daqui têm conseguido bons resultados com a melhora clínica do cão e a satisfação dos proprietários dos animais. É um controle que permite iniciar o tratamento, evitando o sacrifício e prolongando a sobrevida do animal afetado em até seis anos. É claro que isso só será possível se o resultado dos exames mostrar que a lesão hepática ou renal não compromete o tratamento.

-Os exames são, segundo Werkhauser, fundamentais para o tratamento. O presidente da Anclivepa-MG lembra: a literatura cita que 50 a 60% dos cães positivos são assintomáticos. ÒEste é um dos pontos de estrangulamento do controleÓ, acrescenta.Os exames sorológicos são prioritários, e entre eles destacam-se a imunofluorescência, fixação de complemento e elisa. Somente os exames sorológicos nos permitem diagnosticar se o cão está parasitado. Há ainda os exames parasitológicos, punção de medula para histologia e biópsia de pele. Também estamos realizando prova de função hepática e renal, além do hemograma e proteinograma ­ finaliza.



Cão no início dos sintomas, com queda de pelo na região do focinho, ao redor dos olhos e orelha com descamação

Queda de pelo generalizada, com feridas, na fase mais adiantada do Calazar.

Crescimento das unhas devido à letargia. Macrófago estremamente parasitado

Medidas de Prevenção para o Homem

(Segundo a Secretaria de Estado da Saúde Superintendência de Controle de Endemias)

Pelo fato de serem zoonoses primitivas das florestas, há dificuldades em aplicar contra as leishmanioses medidas preventivas utilizáveis em relação a outras doenças transmitidas por vetores. Na maior parte das áreas endêmicas, onde se observa o padrão clássico de transmissão, pouco pode ser feito no momento em relação à profilaxia da doença, dada a impossibilidade de se atuar sobre as fontes silvestres de infeção. No entanto,algumas medidas devem ser adotadas, tais como:

- medidas clínicas, diagnóstico precoce e tratamento. A partir dos sintomas, o homem deve ser submetido a exames e tratamento adequado.

- medidas de proteção individual. São meios mecânicos como uso de mosquiteiros simples, telas finas em portas e janelas, evitar a frequência na mata, principalmente no horário noturno, a partir do anoitecer (crepúsculo) sem o uso de roupas adequadas, boné, camisas de manga comprida, calças compridas e botas, além do uso de repelentes.

- medidas educativas. As atividades de educação em saúde devem estar inseridas em todos os serviços que desenvolvem ações de controle, requerendo o envolvimento efetivo das equipes multiprofissionais e multiinstitucionais com vistas ao trabalho articulado nas diferentes unidades de prestação de serviço.

Medidas de Controle

Uma vez efetuada a delimitação da área de foco, definido como espaço de transmissão que poderá ser o local de residência, local de trabalho ou área para onde o paciente tenha se deslocado e em que existam fatores condicionantes de transmissão, isto é, o relacionamento da população humana local com flebotomíneos transmissores em áreas onde houve modificação do ambiente natural e onde haja sido detectado um ou mais casos autóctones, pode-se realizar o Controle Químico.
Para tanto, no Estado de São Paulo observa-se a ocorrência das seguintes condições:

*transmissão domiciliar - ocorrência de 2 ou mais casos na área de foco no período de 6 meses.

*Utilizam-se então inseticidas de ação residual: piretróides Deltametrina SC ou CE 2,5%
(200 ml produto para 8 litros de solvente) ou Deltametrina SC 5,0% (100 ml produto para 8 litros de solvente).1 ciclo de borrifação, em todas as unidades domiciliares da área delimitada, teto ao chão e beirais.repetição de novo ciclo a cada 6 meses (até completar 6 meses), na condição de ocorrência de novos casos.

****************************************************************

O que você pode fazer?

A Leishmaniose no ser humano tem tratamento, apesar de ser diferente daquele que é aplicado aos cães. Assim que algum cão for constatado ser portador da doença temos que informar o Centro de Controle de Zoonose .No entanto, ninguém nos tira o direito de ter um parecer de nosso veterinário de confiança. Se a eutanásia for inevitável, que seja feita de maneira humanitária, por injeçao intra-venosa, pelo Veterinário que nós escolhermos.

NAO ENTREGUE SEU CÃO PARA O CENTRO DE ZOONOSES!
LEVE-O AO VETERINÁRIO PARA QUE ELE DÊ O DIAGNÓSTICO FINAL!!

TEMOS QUE EXIGIR MEDIDAS PROFILÁTICAS!! QUE COMBATAM O MOSQUITO!! É UM ABSURDO O QUE VEM ACONTECENDO! SE A DOENÇA SE ALASTRAR O PRÓXIMO CÃO PODE SER O SEU!

OS ANIMAIS AGRADECEM

Colaboraram também para a elaboração desta  página:

Agnes Buchwald
Presidente
Kennel Clube Paulista
http://www.kcp.org.br

Dra. Silvia Parisi - veterinária
crmv - sp 5532 
http://www.vidadecao.com.br

Ana Yates
USPA - Ilha do Governador
União Societária de Proteção aos Animais
Rio de janeiro

Fonte: http://www.apasfa.org/quem/leishm.html

0 comentários:

Postar um comentário

 
Web Statistics