O Ceará já tem, apenas no primeiro semestre de 2011, 22 mortes confirmadas por leishmaniose visceral, o equivalente a 88% dos óbitos de todo o ano de 2010, que foram 25. Do total deste ano, dez aconteceram em Fortaleza. O número de casos de 2011 no Estado é 244, desses 102 na Capital. Em 2010, 581 pessoas foram infectadas com a doença, das quais 262 em Fortaleza. Dados do Ministério da Saúde apontam que, no período de 2007 a 2010, foram notificados 1.958 casos.
EUTANÁSIA EM ANIMAIS
Política de combate é questionada
Uma prática que vem sendo adotada pelo Município de Fortaleza para reduzir o número de casos da leishmaniose, que é a eutanásia dos cães, não tem surtido efeito. O número de casos não reduz. Até porque existe uma liminar, de 2009, que determina que o procedimento só pode ser realizado em animais comprovadamente terminais, com laudo veterinário que confirme a doença. Contudo, especialistas defendem que os cães podem, sim, ser tratados e curados, apesar de o Ministério da Agricultura e da Saúde se posicionarem contra.
Para a presidente da União Internacional Protetora dos Animais (Uipa), Geuza Leitão, o tratamento com medicamento existe e é eficaz, mas falta interesse político para investir. "Ainda há a vacina que tem 92% de comprovação, mas que ainda não foi liberada pelo Ministério da Saúde", afirma.
O problema é que, segundo o coordenador da leishmaniose do Centro de Zoonose de Fortaleza, Sérgio Franco, os animais continuam sendo reservatórios, mesmo após o tratamento.
"Aqueles cães que podem, devem fazer o tratamento porque a eutanásia não é uma política eficaz no combate à doença", enfatiza Geuza. Até porque não houve redução dos números, ao contrário, eles só aumentaram. No que diz respeito aos animais sem dono, a presidente da Uipa recomenda que eles sejam eliminados, mas sem sofrimento.
De alguns anos para cá, o Centro de Zoonose tem diminuído a eutanásia por causa da liminar. Em 2011, 6.276 animais foram mortos, dos quais 60% estavam infectados por calazar. Já no ano passado, esse número era de 4.319. Em 2009, foram 5.905 animais. De acordo com Sérgio Franco, o cão é o principal autor da doença. "Quando se faz o tratamento contra a doença, estamos permitindo que o animal seja cobaia porque não é algo comprovado. O cachorro pode ficar bom, mas também pode ser que não fique. O tratamento é perigoso porque os cães continuam com o protozoário, mas que poderia ser feito em nível de universidade".
Ele destaca, ainda, que o problema é que o processo de cura é proibido porque envolve medicamentos voltados para os humanos e, portanto, podem causar resistência ao parasita. Além disso, existe o contrabando e o desvio de remédios dos hospitais, no caso das pessoas que não têm condições de importá-los. "São utilizados produtos que não têm autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)".
O Brasil é o único país que opta pela eutanásia. De acordo com estudos realizados na Europa, o tratamento contra a leishmaniose não põe em risco a saúde pública, que é uma das alegações do Ministério da Saúde brasileiro para proibir o processo de cura. Pelo contrário, as pesquisas identificaram que quando se mata cães, mais aparece o calazar porque o mosquito transmissor (flebotomídeo) passa a picar o homem porque não tem mais seu vetor preferido. Existem dois tipos de cura: a parasitológica e a clínica. Esta última é que é possível nos humanos e animais.
Solução
Apesar de ser uma medida dispendiosa, a distribuição de coleiras pelos governos seria a solução mais eficaz, conforme especialistas no assunto, o que já foi comprovado em várias cidades de São Paulo.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) coloca a eutanásia em terceiro lugar nas soluções para combater a leishmaniose. Como prioridade, está o saneamento básico, ambiental e o controle da higiene. Em segundo plano vem o combate ao mosquito transmissor.
Eutanásia
6,2 Mil animais foram mortos, este ano, pelo Centro de Zoonose de Fortaleza como forma de combater o calazar que tem números elevados na Capital
LINA MOSCOSO
REPÓRTER
Política de combate é questionada
Uma prática que vem sendo adotada pelo Município de Fortaleza para reduzir o número de casos da leishmaniose, que é a eutanásia dos cães, não tem surtido efeito. O número de casos não reduz. Até porque existe uma liminar, de 2009, que determina que o procedimento só pode ser realizado em animais comprovadamente terminais, com laudo veterinário que confirme a doença. Contudo, especialistas defendem que os cães podem, sim, ser tratados e curados, apesar de o Ministério da Agricultura e da Saúde se posicionarem contra.
Para a presidente da União Internacional Protetora dos Animais (Uipa), Geuza Leitão, o tratamento com medicamento existe e é eficaz, mas falta interesse político para investir. "Ainda há a vacina que tem 92% de comprovação, mas que ainda não foi liberada pelo Ministério da Saúde", afirma.
O problema é que, segundo o coordenador da leishmaniose do Centro de Zoonose de Fortaleza, Sérgio Franco, os animais continuam sendo reservatórios, mesmo após o tratamento.
"Aqueles cães que podem, devem fazer o tratamento porque a eutanásia não é uma política eficaz no combate à doença", enfatiza Geuza. Até porque não houve redução dos números, ao contrário, eles só aumentaram. No que diz respeito aos animais sem dono, a presidente da Uipa recomenda que eles sejam eliminados, mas sem sofrimento.
De alguns anos para cá, o Centro de Zoonose tem diminuído a eutanásia por causa da liminar. Em 2011, 6.276 animais foram mortos, dos quais 60% estavam infectados por calazar. Já no ano passado, esse número era de 4.319. Em 2009, foram 5.905 animais. De acordo com Sérgio Franco, o cão é o principal autor da doença. "Quando se faz o tratamento contra a doença, estamos permitindo que o animal seja cobaia porque não é algo comprovado. O cachorro pode ficar bom, mas também pode ser que não fique. O tratamento é perigoso porque os cães continuam com o protozoário, mas que poderia ser feito em nível de universidade".
Ele destaca, ainda, que o problema é que o processo de cura é proibido porque envolve medicamentos voltados para os humanos e, portanto, podem causar resistência ao parasita. Além disso, existe o contrabando e o desvio de remédios dos hospitais, no caso das pessoas que não têm condições de importá-los. "São utilizados produtos que não têm autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)".
O Brasil é o único país que opta pela eutanásia. De acordo com estudos realizados na Europa, o tratamento contra a leishmaniose não põe em risco a saúde pública, que é uma das alegações do Ministério da Saúde brasileiro para proibir o processo de cura. Pelo contrário, as pesquisas identificaram que quando se mata cães, mais aparece o calazar porque o mosquito transmissor (flebotomídeo) passa a picar o homem porque não tem mais seu vetor preferido. Existem dois tipos de cura: a parasitológica e a clínica. Esta última é que é possível nos humanos e animais.
Solução
Apesar de ser uma medida dispendiosa, a distribuição de coleiras pelos governos seria a solução mais eficaz, conforme especialistas no assunto, o que já foi comprovado em várias cidades de São Paulo.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) coloca a eutanásia em terceiro lugar nas soluções para combater a leishmaniose. Como prioridade, está o saneamento básico, ambiental e o controle da higiene. Em segundo plano vem o combate ao mosquito transmissor.
Eutanásia
6,2 Mil animais foram mortos, este ano, pelo Centro de Zoonose de Fortaleza como forma de combater o calazar que tem números elevados na Capital
LINA MOSCOSO
REPÓRTER
0 comentários:
Postar um comentário