sábado, 13 de junho de 2009

Pesquisas no Brasil ...

INVENÇÕES BRASILEIRAS SEM DEPÓSITOS DE PATENTES JUNTO AO INPI

Vacina recombinante contra a Leishmaniose em cães

Pesquisadores da UFMG começam a testar, em Juatuba, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, uma nova vacina contra a leishmaniose canina. A vacina é resultado do trabalho desenvolvido por uma equipe de cientistas coordenada pelos professores Ana Paula Fernandes, da Faculdade de Farmácia, e Ricardo Tostes Gazzinelli, do ICB, que há cinco anos vêm pesquisando antígenos recombinantes capazes de induzir proteção contra a leishmaniose, inclusive em cães, principais reservatórios da versão visceral da doença. A vacina disponível no mercado apresenta problemas e não é recomendada pelo Ministério da Saúde. Queremos oferecer uma alternativa", afirma Ana Paula.

A exemplo dos animais doentes, os cães que recebem a vacina existente apresentam resultados positivos nos testes de diagnóstico da leishmaniose. Na prática, isso significa que não há como distingui-los dos animais infectados. "Isso ocorre porque a vacina utiliza antígenos de formas promastigotas*, que induzem a produção de anticorpos e fazem com que os animais se apresentem como soropositivos, o que dificulta a aplicação das medidas de controle da doença. Assim, não há como saber se o animal foi apenas vacinado ou se está infectado", detalha a professora. A solução proposta pelos pesquisadores baseia-se no uso de antígenos expressos na forma amastigota (São diferentes estágios do ciclo evolutivo do protozoário. Na forma amastigota, a célula apresenta forma arredondada e o flagelo _ filamento responsável pela locomoção do microrganismo _ não ultrapassa a membrana celular. Nas leishmanioses, a forma amastigota se multiplica obrigatoriamente dentro das células, macrófagos, principalmente, dos hospedeiros vertebrados, como o homem e o cão. Já a forma promastigota se desenvolve no tubo digestivo dos vetores invertebrados, flebotomíneos, é móvel e ultrapassa a membrana celular), que, em vez de induzir a produção de anticorpos, provoca uma resposta celular, que permite a proteção e o controle da multiplicação dos protozoários.

Na primeira etapa do projeto, os testes foram realizados com camundongos. Os pesquisadores imunizaram os animais com antígenos recombinantes, que, em seguida, foram infectados com o protozoário Leishmania. Foram avaliados os sintomas, a presença de parasitas nos tecidos e a resposta imunológica. "Os camundongos apresentaram excelente resposta à vacina. Em comparação aos animais não imunizados e infectados, houve redução expressiva da quantidade de parasitas presentes nos tecidos. Nossa expectativa é que os cães fiquem imunes e apresentem resultados negativos nos testes de diagnóstico de rotina", explica Ana Paula. Ela esclarece que a redução da carga parasitária não diminui apenas as chances de desenvolvimento da doença nos cães."Também é menor a possiblidade de o inseto-vetor infectar-se no momento em que se alimenta nos cães e transmitir a doença ao homem", acrescenta Ana Paula Fernandes.

Segundo a professora, a vacina só deverá chegar ao mercado no próximo ano, após a conclusão dos testes com os cães. "Ainda temos que responder algumas perguntas. Como os cães ficam protegidos? A vacina reduz a carga parasitária ou os animais permanecem como reservatórios significativos da doença?", questiona Ana Paula. Independentemente das respostas, a pesquisadora ressalta que é preciso conscientizar e mobilizar a sociedade sobre as formas de combate à doença e estimular pesquisas na área. "Só assim conseguiremos controlar a leishmaniose sem o sacrifício em massa de animais", completa.

Os testes com cães serão realizados nas dependências do Laboratório Hertape, em Juatuba. Por meio de acordo de transferência de tecnologia firmado com a UFMG, o laboratório, que participa do financiamento das pesquisas, poderá produzir e comercializar a vacina após o término dos trabalhos. Trata-se do segundo contrato estabelecido entre a Universidade e o Hertape em 2004. O primeiro prevê o desenvolvimento de uma vacina contra a parvovirose canina, desenvolvida por pesquisadores do ICB. "A ajuda do Hertape é fundamental para realizarmos a segunda etapa do projeto, os testes com os cães. As instalações e canis construídos pela empresa em Juatuba atendem a todos os critérios de segurança para continuarmos as pesquisas", afirma Ana Paula Fernandes.

A professora Ana Paula Fernandes, do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da Faculdade de Farmácia, ressalta que a Instituição está aprendendo a lidar com algo que é bastante recente no meio. De uma maneira geral, Ana Paula acredita que a relação entre a Universidade, pesquisadores e empresas mudou muito nesses últimos anos, apesar de ainda existir “um certo conservadorismo” . Ana Paula trabalha com o desenvolvimento de uma vacina contra a leishmaniose, para cães. Há cerca de dois anos, a UFMG fechou com o Laboratório Hertape um contrato de transferência tecnológica, que prevê a participação financeira da empresa na fase de pesquisa e a garantia da comercialização do produto quando essa pesquisa chegar ao final.

A empresa, afirma seu diretor de Planejamento, Ricardo Renault, investe 5% do faturamento em pesquisas e, apesar de possuir, também, equipe de pesquisadores, há cerca de cinco anos, vem firmando convênios com universidades e institutos de pesquisa para o desenvolvimento de novos produtos. “Essa é uma solução bastante conveniente para a gente”, diz Ricardo, destacando que a aproximação com a Universidade aumenta as chances de o Laboratório expandir sua lista de produtos com tecnologia inovadora e puramente nacional. Contra a leishmaniose Durante o doutorado, no Departamento de Parasitologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), em 1998-1999, Ana Paula trabalhou com a caracterização de antígenos de leishmania – componentes do parasita, que induzem uma resposta imune, capaz de proteger o hospedeiro contra a infecção. O grupo de pesquisa é formado pelos professores Ricardo Gazinelli e Carlos Alberto Pereira Tavares, ambos do Departamento de Bioquímica e Imunologia do ICB.

Desde o ano passado, a vacina está sendo testada em animais. Na próxima etapa, serão realizados os estudos da fase três, quando são envolvidos outros pesquisadores que participam dos testes. Os resultados são mantidos em sigilo, mas a pesquisadora diz que os dados preliminares são muito favoráveis. “Ano que vem, vamos ter os resultados precisos e poderemos divulgá-los”, diz ela. Como a leishmaniose é uma doença zoonótica que afeta, também, o ser humano, a vacina interfere no controle da leishmaniose visceral humana, o que faz com que os testes do produto sejam ainda mais reforçados. A Hertape tem um segundo contrato de transferência tecnológica com a UFMG, que envolve a fabricação de uma vacina contra a parvovirose canina, à base de proteína recombinante, desenvolvida pela equipe da professora Erna Kroon Geessien, do Departamento de Microbiologia do ICB.

Vacina contra a Leishmaniose

Leishmania é um protozoário unicelular, que provoca diferentes formas da doença, afetando a mucosa da boca, nariz e garganta, e órgãos internos, esta última forma freqüentemente fatal. O pesquisador do US National Institute of Allergy and Infectiouns Diseases (NIAID), de Bethesda, Maryland, nas proximidades da Capital dos EEUU, Washignton, D.C., José Ribeiro, concentra-se no parasita que ataca a pele, disseminado no Oriente Médio pela mosca da areia (Phlebotomus patasi). Crianças e forasteiros são suas vítimas principais, embora representem uma fração do universo infectado. Picadas de mosca não infectadas protegem camundongos da Leishmania, sendo isolada uma proteína presente na saliva do inseto capaz de provocar uma forte resposta imune no animal que não desenvolve qualquer dos sintomas da doença, quando exposto ao transmissor. Heidrun Moll, da Universidade de Wurzburg, Alemanha, que estuda vacinas contra a leishmaniose a partir do parasita, considera a pesquisa promissora, e que somente não teria ainda avanços maiores dadas as dificuldades com o trato do inseto e a necessidade de seu isolamento em laboratório. Considera possível, no futuro, a imunização das pessoas com um coquetel de vacinas derivadas tanto da mosca quanto do parasita.

Pesquisadores em busca da criação de vacinas contra uma séria infecção parasitária descobriram que uma dose de saliva de mosca pode ser a resposta. A Leishmaniose, doença tropical inabilitante e até fatal, é causada por um parasita que é transmitido aos humanos pela picada de uma mosca. Em um artigo publicado no Journal of Experimental Medicine, cientistas do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas descrevem como a vacina desenvolvida para combater um componente da saliva da mosca previne a Leishmaniose em camundongos.

O termo Leishmaniose se refere a um grupo de doenças relacionadas. Espécies diferentes do parasita monocelular Leishmania pode causar infecções no nariz, garganta e boca (leishmaniose mucosa); dolorosas lesões na pele (leishmaniose cutânea) ou infestações fatais em órgãos internos (leishmaniose visceral). José Ribeiro, Ph.D., perito em bioquímica e insetos sugadores de sangue estudou por mais de 30 anos a forma pela qual os componentes da saliva não apenas ajudam os insetos a obter sua alimentação, mas também modulam a resposta imune. Vários cientistas, inclusive José Ribeiro, já demonstraram que animais de laboratório imunizados com a saliva da mosca geralmente resistem à infecção quando posteriormente picados por um inseto portador da Leishmania ou expostos aos parasitas na presença da saliva da mosca.

Os pesquisadores separaram as proteínas da saliva e identificaram uma delas, a SP15, que pareciam ser o alvo da resposta imune natural de camundongos. Então, de trás para diante, puderam identificar o gene que produz a proteína. Assim, foi possível criar uma vacina de DNA, a qual utilizaram para imunizar os camundongos. Quando os camundongos imunizados recebiam os parasitas misturados à saliva da mosca, a infecção era marcadamente mais branda, com menor quantidade de lesões cutâneas e com o fim da infecção em seis semanas. Camundongos não vacinados desenvolveram grandes úlceras de pele, não eliminando o parasita. Como a mosca produz tanto anticorpos como resposta da célula T, os pesquisadores analisaram os camundongos para avaliar qual tipo de resposta imune detinha os parasitas. Ao vacinarem camundongos geneticamente modificados para não apresentavam anticorpos, descobriram que os mesmos ainda estavam protegidos pela vacina, o quer indicava que as células T protegiam os animais da doença.

Os resultados indicam que a vacina contendo um componente da saliva da mosca pode proteger os camundongos de sintomas severos associados à leishmaniose cutânea, talvez mimetizando a imunidade natural à infecção. "As pessoas são picadas por moscas por todo o tempo, sem desenvolver a doença", diz Ribeiro. "Pode ser que aqueles que desenvolvem a doença sejam apenas pessoas menos afortunadas, sendo picadas pela primeira vez por uma mosca contaminada, antes que uma mosca livre do parasita pudesse imunizá-las", finaliza.

Diagnóstico da Leishmaniose

A leishmaniose visceral, doença endêmica em Pernambuco com algumas regiões hiperendêmicas, pode estar com seus dias contados. A tese de doutorado defendida pela professora Aline Chaves Alexandrino, do Departamento de Genética, do Centro de Ciências Biológicas, propõe novas formas de diagnóstico e controle da doença, que atinge homens e cães. O estudo sugere que o diagnóstico laboratorial seja feito através de um teste sorológico (teste de aglutinação direta - DAT) e um teste de genética molecular (reação em cadeia da polimerase - PCR), com extração do DNA do parasita. No experimento realizado, o uso do DAT resultou em 100% de acerto para casos humanos e uma margem mínima de erro para os casos caninos. O PCR apresentou melhores resultados nos casos caninos que nos humanos. Foram usadas amostras sangüíneas de 74 pacientes de Pernambuco e 110 cães, sendo 60 da Paraíba e 50 de Pernambuco.

Como na leishmaniose visceral os sinais e sintomas podem ser confundidos com os de outras patologias, fazem-se necessárias a rapidez e a precisão do diagnóstico laboratorial. O teste DAT, que utiliza como antígeno o próprio parasita, apresenta a vantagem de poder ser feito no campo, pela utilização da forma liofilizada que pode ser estocada à temperatura ambiente. Além disso, o resultado deste teste é fornecido em, aproximadamente, 18 horas. Já o método PCR, além de poder identificar o parasita no indivíduo que ainda não apresenta sintomas, quando feito de rotina pode fornecer o resultado em cerca de cinco horas. Como vantagem adicional, ambos os testes utilizam a coleta de sangue periférico (como para um hemograma comum) e não a punção de medula óssea, método que, além de doloroso e invasivo, necessita de um especialista para realizá-lo. O tratamento da leishmaniose visceral humana é hospitalar e deve ser ininterrupto por 20 dias. "Se o paciente pára de tomar a medicação pode ocasionar a resistência do parasita aos remédios", alerta Aline Alexandrino. Ela ressalta que quando a leishmaniose é canina, ocorre um problema adicional. omo se trata de uma endemia, a pesquisadora salienta que há necessidade de uma tomada de decisão política no que tange à assistência pública de saúde, sob pena de "todo o conhecimento acumulado não resultar na diminuição do número de casos".

A Rede Genoma do Nordeste, sob coordenação de Paulo Andrade, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), investiga o organismo da Leishmania chagasi, uma das três espécies responsáveis pela leishmaniose visceral. É um genoma estrutural de relativa simplicidade, para posterior avaliação de produtos resultantes, que pode ser uma proteína ou protozoário. Encontrada nos cães e transmitida por mosquito, a doença circula entre a população canina e dificilmente passa de um homem para outro, mas a incidência localizada pode ser alta, chegando a atingir 3% da população em determinadas regiões. No Brasil são registrados cinco mil casos por ano. A equipe já construiu as bibliotecas de CDNA (genes expressos), com 20 mil seqüências. Perto de 150 mil seqüências devem ser avaliadas para se encontrar de cinco a oito mil genes. Novas bibliotecas estão sendo construídas e, no período de um ano, o genoma deve estar completo do ponto de vista estrutural. As pesquisas estarão disponibilizadas na rede para que todos os pesquisadores de genoma possam estudá-las, o que deve demorar mais um ano e meio. Depois, o projeto será aberto ao público e poderá ser usado para descoberta de outros genomas.


Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, revelou que um medicamento genérico utilizado como vasodilatador para pacientes com isquemia cerebral apresenta potente atividade contra o parasita causador da leishmaniose. A pesquisa, cujos resultados foram publicados na revista Parasitology Research (Antileishmanial activity and ultrastructural alterations of Leishmania (L.) chagasi treated with the calcium channel blocker nimodipine , de André Tempone, Noemi Nosomi Taniwaki e Juliana Quero Reimão, publicado na Parasitology Research), mostrou que a nimodipina, uma substância inibidora dos canais de cálcio, em ensaios in vitro, teve ação quatro vezes mais efetiva contra a leishmaniose visceral – a forma fatal da doença – que o glucantime, o fármaco-padrão hoje utilizado para o tratamento.

Coordenado por André Tempone, do Laboratório de Toxinologia Aplicada, do Departamento de Parasitologia do Instituto Adolfo Lutz, o estudo teve apoio da FAPESP na modalidade Auxílio a Pesquisa. Os outros autores do artigo são Noemi Nosomi Taniwaki e Juliana Quero Reimão. De acordo com Tempone, a leishmaniose é considerada uma das doenças negligenciadas que, por serem típicas de regiões de baixa renda, não despertam o interesse da indústria farmacêutica para o desenvolvimento de novos medicamentos. Dados do Ministério da Saúde mostram avanço da leishmaniose visceral no Brasil: houve um aumento de 61% entre 2001 e 2006, quando foram registrados 4.526 casos. Em julho de 2007 já haviam sido registrados mais de 3 mil casos da doença, fatal em mais de 90% dos casos sem tratamento.

André Gustavo Tempone Cardoso possui graduação em Farmácia e Bioquímica (1997), mestrado em Aplicações Biológicas de Tecnologia Nuclear pelo IPEN - USP (1999), doutorado em Ciências (Biologia da Relação Patógeno-Hospedeiro) pelo ICB-USP (2003), doutorado sandwich na London School of Hygiene And Tropical Medicine (2001). Atualmente é pesquisador científico nível 3 do Instituto Adolfo Lutz, coordenador do Laboratório de Toxinologia Aplicada e vice-diretor do Dept. de Parasitologia. É editor adjunto da Revista do Instituto Adolfo Lutz. Tem experiência na área de Parasitologia, com ênfase em desenvolvimento de novos fármacos para Leishmanioses e Doença de Chagas, como também na área de Toxinologia aplicada ao desenvolvimento de novos fármacos. É orientador do Programa de Pós-Graduação da Secretaria de Estado da Saúde. Atua principalmente nos seguintes temas: Combinações terapêuticas, testes in vitro e in vivo de novos fármacos; Isolamento e avaliação do potencial farmacológico de metabólitos secundários de venenos animais e de plantas; lipossomos, Drug Discovery & Development.

"Como instituição do governo, acreditamos que temos a missão de buscar novos fármacos para doenças negligenciadas, por isso focamos nossas pesquisas nelas, tanto na vertente da inovação, com o desenvolvimento de protótipos farmacêuticos com base em produtos naturais, como também na adaptação de fármacos já existentes no mercado", disse Tempone à Agência FAPESP. Os estudos, no entanto, estão apenas começando, segundo o cientista. Na próxima etapa serão estudadas formulações nanotecnológicas que permitirão a liberação controlada do fármaco, dirigindo-o diretamente aos macrófagos – as células onde se abriga o parasita. "Com isso poderemos diminuir muito a quantidade de medicamento administrada, amenizando assim a toxicidade e otimizando a terapia", declarou. Segundo Tempone, os estudos de adaptação de fármacos já existentes – conhecidos como piggy-back chemotherapy – embora não tragam inovação, são importantes do ponto de vista da saúde pública devido à possibilidade de colocar fármacos no mercado com mais rapidez.

"Investimos também na linha de inovação, que é muito importante. Mas o desenvolvimento de um medicamento a partir desses estudos tem custo muito elevado e exige muitos anos para testes clínicos e estudos de toxicidade, até que o produto possa entrar no mercado", explicou. O custo e o tempo de desenvolvimento, no entanto, seriam muito mais reduzidos para um fármaco feito com base na nimodipina, segundo ele. As triagens, de acordo com o cientista, são feitas com medicamentos genéricos para evitar futuros entraves com patentes. "Os testes in vitro foram muito promissores. Agora passaremos para testes in vivo e, funcionando no animal, a próxima etapa é o estudo clínico em humanos", disse. Tempone explicou que o único fármaco desenvolvido e testado especialmente para a leishmaniose é o antimônio, descoberto em 1912 pelo brasileiro Gaspar Vianna – um aluno do sanitarista Oswaldo Cruz. Esse metal, altamente tóxico, é a base do glucantime, o fármaco-padrão usado clinicamente para o tratamento da doença até hoje.

"Há outros medicamentos também utilizados contra a doença, mas nenhum deles foi desenvolvido originalmente para a leishmaniose e todos esbarram na extrema toxicidade. Muitos pacientes chegam até a morrer em decorrência da medicação. Por isso a necessidade do desenvolvimento de novos fármacos é tão urgente", afirmou. Entre os medicamentos utilizados como alternativa ao antimônio, Tempone cita a pentamidina, que era utilizada como hipoglecimiante, a anfotericina-B, originalmente sintetizada e utilizada para tratamento de doenças fúngicas, e a miltefosina, um antitumoral que está em fase clínica 4 de testes na Índia, onde já é a droga-padrão para o tratamento da leishmaniose.

Na próxima etapa, com apoio da FAPESP e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o grupo coordenado por Tempone fará estudos em modelos animais e trabalhará com as nanoformulações para liberação controlada do fármaco, usando lipossomas – um vetor de transporte não-viral de genes em formato de pequenas vesículas esféricas. "Usaremos nanolipossomas e, com isso, poderemos dirigir o fármaco com maior precisão à célula infectada, minimizando a toxicidade no organismo e aumentando a eficácia do tratamento", disse. Nessas nanoformulações, segundo Tempone, o fármaco é encapsulado e enviado pela corrente sanguínea. "Além dessas formulações, estamos estudando também combinações terapêuticas. Poderemos, por exemplo, combinar a nimodipina com o antimônio. Dessa maneira, se não for possível eliminar o antimônio, poderemos tavez reduzir expressivamente sua dose", declarou.


Fontes:
Alternativas contra a leishmaniose, 17/4/2009, Por Fábio de Castro http://www.agencia.fapesp.br:80/materia/10378/especiais/alternativas-contra-a-leishmaniose.htm
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4767771H7
http://www.ufpe.br/ascom/cconline/020/pesq002.html
http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/out2001/unihoje_ju167pag09.html
http://www.nature.com/nsu/010809/010809-7.html
http://www.emedix.com.br/not2001/01ago06nih-cof-leishmaniose.shtml
http://www.canalkids.com.br/central/arquivo/saude_saliva.htm
http://www.niaid.nih.gov/dir/labs/lpd/ribeiro.htm
http://www.ufmg.br/boletim/bol1460/quinta.shtml
http://www.ufmg.br/diversa/10/patentes.html

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