quarta-feira, 15 de julho de 2009

O Blog responde: Leishmaniose

Como meu cão pode estar com leishmaniose se é o cachorro mais bem tratado do mundo?

O ponto X da Leishmaniose no Brasil é a FALTA DE INFORMAÇÃO. A maioria dos donos de cães NÃO sabem o que é LEISHMANIOSE. Há mais de 40 anos, a saúde pública brasileira tenta controlar a doença e lança mão de medidas como o extermínio dos cães soropositivos ou que vivem em áreas de risco. O programa além de ter sido provado INEFICAZ, não prioriza a PREVENÇÃO e a INFORMAÇÃO à população. Também podemos questionar a Informação passada, pois o Brasil não pode ser tratado como um país em referência no tratamento da doença. Seu cão pode ser o mais bem tratado do mundo, mas você, o seu veterinário, as pessoas que você convive, as pessoas da sua cidade; enfim, grande parte das pessoas desconhece a doença, ou sabem muito pouco sobre ela. Eu inclui veterinários, porque, como a doença é negligenciada no Brasil (tanto por motivos mundiais quanto locais) a classe está "proibida" de fazer o tratamento. Também há poucos estudos sobre a doença e por isso, temos poucos profissionais realmente capacitados para dar suporte aos proprietários dos cães. Chegamos até o absurdo de ver muitos veterinários indicando a eutanásia como único método de controle da doença, não informando ou mostrando outras possibilidades... Muitos veterinários não falam sobre a doença aos donos dos cães. Eles sabem que é importante passar a informação sobre a leishmaniose canina. A dificultosa depuração das informações , associada à pouca disponibilidade de tempo para o estudo devido ao excesso de trabalho, faz com que um considerável percentual dos veterinários conviva com o conflito da desatualização.

Há muita desinformação, por exemplo, a maior parte das pessoas responde erroneamente à pergunta "Como se previne a leishmaniose?". As únicas formas de prevenir neste momento a leishmaniose são: a aplicação de insecticidas com efeito repelente sobre o flebótomo que é o transmissor da leishmaniose canina. E aquilo que os especialistas internacionais e a própria Organização Mundial de Saúde referem é que a forma mais eficaz de prevenção são as coleiras impregnadas de deltametrina, que para todos os efeitos é a Scalibor. No Brasil já podemos contar com as vacinas.

Com essa completa falta de informação, divulgação, interesse, etc; os proprietários somente se dão conta da doença, quando "por acaso", "acidentalmente", realiza o exame e leva um susto!!! Temos a certeza absoluta de que, se a doença fosse mais disseminada, muitos teriam se prevenido, com a vacina, com coleiras, repelentes, etc. Os cuidados que você tem com o seu cão: alimentação, vacinas contra viroses, vermifugação, idas ao veterinário, ajudam muito, mas no caso da LVC, a prevenção contra a picada do mosquito é o melhor tratamento. Mas, gozando de boa saúde, muito carinho e cuidado, o tratamento da doença certamente terá sucesso!

O surgimento recente de vacinas e de outros métodos preventivos, bem como de possibilidades efetivas de tratamento para os animais infectados, mostra que é hora de investir em outras frentes de combate à doença, e assim poupar as vidas de milhares de cães. Mas isso é pouco divulgado. Ou pior! Como já comentamos várias vezes no Blog, as informações que encontramos somente são referentes à culpabilização dos cães, proibição do tratamento, ineficácia do tratamento, etc. Grandes absurdos que geram mais desencontro de informações!

Existem muitas entidades que fazem a divulgação e um belíssimo trabalho, tanto de alerta à população, quanto seminários, palestras e eventos para Médicos Veterinários devem ser consideradas ao se traçarem políticas públicas de combate à Leishmaniose, como abaixo descrito, pela ARCA BRASIL:


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QUESTÃO AMBIENTAL -

1)Desmatamentos: O avanço da urbanização e a conseqüente devastação das matas faz com que o mosquito perca seu habitat. Nas cidades, ele substitui seus hospedeiros naturais – os mamíferos silvestres –, por cães e seres humanos.

2) Políticas de controle ambiental e controle do mosquito vetor. A limpeza em peridomicílio e as podas de árvores e arbustos são feitos de forma aleatória. Com matéria orgânica à disposição (em lixões, aterros sanitários, granjas, terrenos baldios), os mosquitos vetores se multiplicam com rapidez assustadora.

* LEGISLAÇÃO: No Brasil, a lei vigente data de 1963, e preconiza eliminação compulsória dos cães infectados. Essa política truculenta e obsoleta tem sido crescentemente rechaçada pela sociedade. Não raro, proprietários de cães infectados levam seus animais para outros municípios, a fim de poupá-los, o que promove a disseminação da doença.

* A ALTA REPOSIÇÃO DE ANIMAIS: Enquanto o Poder Público pratica a eutanásia de cães, os proprietários adotam novos cães – em geral filhotes, com sistema imunológico mais frágil e, portanto, mais suscetíveis à doença. Esse animal recém-adquirido é colocado no mesmo espaço (possivelmente sem o controle do mosquito transmissor ou de medidas profiláticas), ficando suscetível à infecção.

* CONTROLE DE NATALIDADE ANIMAL: Elemento indispensável em qualquer planejamento de combate a zoonoses. Ao diminuir o excesso populacional de cães, reduz-se também o principal reservatório doméstico da doença.

* NOVOS MÉTODOS DE PREVENÇÃO:

1) Vacina: desenvolvida no Brasil, a vacina oferece proteção comprovada em mais de 90% e eficácia em 80% dos casos. É reconhecida pelo Ministério da Agricultura, porém não validada pelos órgãos de saúde que, entre outras, alegam que o cão continua a ser transmissor. Tal afirmação é refutada pelos fabricantes, que apontam estudos confirmando o contrário: “Ela não somente protege os cães da incidência e morbidade da doença, mas também os mantêm não transmissores quando infectados, bloqueando a transmissão para os flebotomíneos” (Manual Técnico Leishmaniose Visceral Canina – Fort Dodge).

2) Coleiras repelentes: Estudos comprovam que o uso da coleira repelente em 80% da população canina, em determinada região, interrompe o ciclo de infecção e transmissão.

* APRIMORAMENTO DOS MÉTODOS DE DETECÇÃO DA DOENÇA: Evitariam um grande número de sacrifícios desnecessários. Os métodos moleculares, como PCR, são os mais confiáveis para confirmação de Leishmaniose.

* CONSCIENTIZAÇÃO:

1) Esclarecimento da opinião pública, com forte ênfase nos princípios da posse responsável.

2) Esclarecimento da classe veterinária, de modo a suprir eventuais dificuldades em lidar com a doença, tanto no que concerne aos diagnósticos quanto na orientação do proprietário sobre prevenção e / ou manejo e tratamento do animal infectado.

* TRATAMENTO PARA OS ANIMAIS INFECTADOS: O laço afetivo dos proprietários de animais é algo que não pode ser desprezado, como observou o Dr. Vitor Marcio Ribeiro, professor Titular da PUC-MG, no Seminário ARCA Brasil, em parceria com a Anclivepa-SP, em outubro de 2005. Para salvarem seus animais da eutanásia, proprietários arriscam-se a transferi-los para outros municípios, aumentando os riscos de propagação da doença. O especialista defende que, uma vez observadas as medidas profiláticas e preventivas, mediante compromisso assumido, este é um direito do proprietário, uma vez que o cão tratado não oferece risco à saúde pública.

* CUSTOS DA EUTANÁSIA X MEDIDAS HUMANITÁRIAS: O custo médio para a eutanásia chega a R$140,00 (cerca de US$65) por animal. Medidas preventivas em grande escala revelam-se economicamente vantajosas, em especial no contexto dos países em desenvolvimento, onde as limitações financeiras servem de justificativa para o não atendimento de inúmeras necessidades.

* ENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE VETERINÁRIA: Uma das principais referências quando se trata de orientar o proprietário na manutenção da saúde do animal. É fundamental que o clínico veterinário seja envolvido na linha de frente de combate à doença.



Por isso a minha pergunta final é: se você soubesse dos métodos de prevenção você teria seguido as dicas? Tenho certeza que sim!!!

E você que sabe sobre a doença? Já levou seu animal para fazer os exames? Já vacinou? Está usando os repelentes ou as coleiras? Castra os seus animais? Já limpou o seu terreno? Divulga as informações aos seu amigos e vizinhos? Você já fez a parte que lhe cabe para impedir que o problema tome proporções piores?


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