quinta-feira, 23 de julho de 2009

Reportagem Revista Veja!

Um pouquinho atrasada eu li a reportagem da revista veja:

Com o título de ELES VENCERAM, a reportagem aborda a questão a nova forma de relacionamento entre humanos e animais: mais do que amigos, eles agora são como filhos, numa relação familiar!

Leia alguns trechos interessantes:

Iniciada entre 25 000 e 50 000 anos atrás, a relação entre homens e bichos domesticados teve, a princípio, fins essencialmente utilitários. Cães vigiavam aldeias, ajudavam a caçar e pastorear. Provavelmente a afeição, desde cedo, teve um papel nesse relacionamento. O primeiro indício concreto de um elo de emoção entre um humano e um animal data de 12 000 anos: são restos fossilizados de uma mulher abraçada a um filhote de cão, encontrados no Oriente Médio. O certo é que o afeto remodelou, ao longo dos séculos, os laços que nos ligam a cães e gatos. E continua a remodelá-los. É o que revelam pesquisas de comportamento ao mostrar que, mais até do que amigos, os bichos de estimação são hoje vistos como filhos ou irmãos em boa parte dos lares que os acolhem. Na Europa e nos Estados Unidos, o porcentual de donos que consideram seus bichos como familiares já chega a 30%. No Brasil, de acordo com pesquisas da multinacional francesa Evialis, uma das maiores fabricantes de alimentos para animais de estimação no mundo, esse índice é de 10% - mas aponta para cima.

No século XIX, a teoria da evolução de Darwin desbancou o homem do ápice da criação para reposicioná-lo como apenas mais um dos animais moldados pela seleção natural. Essa revisão tem implicações éticas radicais. O filósofo australiano Peter Singer defende a igualdade plena de direitos entre homens e animais. Para ele, o "especismo" - a ideia de que os humanos são superiores aos demais seres - é uma forma de discriminação tão insustentável quanto o racismo. De certo modo, gatos e cachorros já galgaram um lugar privilegiado nas considerações morais das pessoas.

A morte de um bicho querido começa a ser cercada de cerimônia: o Pet Memorial, cemitério de animais na Grande São Paulo, realiza em média trinta velórios e 200 cremações por mês, com custos que vão de 700 a 2 000 reais. Para muitos, a perda de um animal leva a uma situação de luto tão difícil de superar quanto a morte de um parente ou amigo(grifo meu).

O Brasil tem 32 milhões de cães e 16 milhões de gatos, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos para Animais de Estimação, a Anfal Pet. Acredita-se que seja a segunda maior população desses bichos no planeta, inferior apenas à existente nos Estados Unidos. Em 2008, esses animais devoraram 1,8 milhão de toneladas de ração: 1,6 milhão de comida para cães e 200 000 toneladas de ração felina. Ainda segundo a Anfal Pet, existem cerca de 40 000 pet shops espalhadas pelo país. Em proporção à população de cães e gatos, esse número é um assombro. Significa que há um desses estabelecimentos para cada 1 200 bichos - contra uma farmácia para cada 2 600 pessoas no Brasil. Os donos mais afetivos são cada vez mais numerosos, no Brasil e no mundo. Em Nova York ou Paris, é comum ver senhoras empurrando seus cães em carrinhos, como bebês. Nos Estados Unidos, ainda, acaba de entrar em atividade a Pet Airways, companhia de viagens aéreas para bichos. No Brasil, o mercado de produtos e serviços para animais de estimação movimenta 9 bilhões de reais por ano.

A Radar Pet - uma pesquisa recém-concluída com 1 307 pessoas de oito metrópoles, idealizada por uma entidade do setor, a Comissão Animais de Companhia (Comac) - fornece uma visão da intimidade dos brasileiros com seus cães e gatos. Eles estão presentes em 44% dos lares das classes A, B e C - e em lugares como Porto Alegre, Curitiba e Campinas já figuram em mais de metade das casas. O novo status que cães e gatos estão assumindo nos lares tem pelo menos duas razões sociais distintas. A primeira diz respeito ao encolhimento das famílias. Hoje são raros os casais que optam por ter mais de um ou dois filhos - o terceiro, que costuma desembarcar em casa quando esses já estão mais crescidos, é quase sempre um cão ou gato. Como demonstra o Radar Pet, as famílias em que os filhos adolescentes ou adultos ainda moram com os pais são aquelas em que a presença dos bichos é mais forte. O segundo fator é o crescimento do contingente de pessoas que vivem sozinhas nas grandes cidades e buscam um companheiro animal. Cães e gatos têm chances menores de obter abrigo nos lares formados por casais com filhos pequenos. "Nessa fase, as crianças monopolizam as atenções. Não sobra tempo para os animais", diz o executivo Luiz Luccas, presidente da Comac.

O domador Cesar Millan acusa a perda da "simplicidade instintiva" que regia a relação entre homem e cão nos primórdios da domesticação. Os especialistas têm por certo que os lobos dos quais os cachorros atuais descendem rodeavam os acampamentos humanos atraídos pelos restos de alimentos - mas daí à sua domesticação há um salto que ainda não se explicou satisfatoriamente. "Os cães demonstraram grande capacidade de assimilar nosso estilo de vida. Isso talvez explique por que a evolução nos fez tão amigos deles, e não de outros primatas, o que à primeira vista talvez parecesse mais lógico", diz Barbara Smuts, da Universidade Harvard. Os gatos também se adaptaram à vida na companhia das pessoas, mas nunca abriram mão da independência e do instinto de caçadores.

O mexicano Cesar Millan, de 39 anos, é um "psicólogo de cachorros". No seu programa de TV, O Encantador de Cães (exibido no Brasil pelo canal pago Animal Planet), esse ex-imigrante ilegal convertido em celebridade nos Estados Unidos reeduca bichos com fobias, comportamentos destrutivos e distúrbios afins. Na entrevista a seguir, Millan explica por que a maioria dos problemas caninos tem origem nas atitudes humanas.

Quem precisa mais do outro: o cão do homem ou o homem do cão?

Os cães dependem da comida que lhes damos. Nós, contudo, desenvolvemos uma dependência emocional em relação a eles. Mais que qualquer outro bicho, o cão é o elo que permite ao homem moderno manter uma conexão mínima com a natureza. Os problemas com que lido em meu programa poderiam ser resumidos assim: pessoas que aboliram a simplicidade de sua vida procuram, por meio de seus cães, reencontrá-la - mas precisam se reeducar para isso.

Qual a raiz dos problemas de relacionamento entre o homem e o cão?

É a dificuldade humana de entender como os cães veem o mundo. Os cachorros não distinguem se seu dono é um mendigo ou o presidente dos Estados Unidos. Eles são programados para seguir um líder. Na relação conosco, o que vale são os sinais de afirmação ou vacilo de quem deveria exercer esse papel. Eles podem até parecer crianças, mas pensam como membros de uma matilha: na ausência de um humano que exerça a função de líder equilibrado e assertivo, os cães tentam se impor.

Qual seu maior conselho para alguém que deseja adotar um cão?

O mesmo que dei ao presidente Obama e à sua família no processo de escolha do cão que viveria com eles na Casa Branca: opte por um animal cujo comportamento combine com o seu estilo de vida. Nunca leve para casa um bicho que tenha mais energia que você, pois a tendência será ele ditar as regras. Antes de acolher (o cão-d’água português) Bo, os Obama fizeram muita pesquisa em busca de uma raça adequada. Eles queriam um animal com pique para correr com as meninas e que não provocasse alergia na mais velha, Malia. Pelo que venho notando, porém, a família do presidente terá trabalho para colocá-lo nos eixos. No primeiro passeio, quem determinava o caminho era o cachorro - um péssimo sinal.

Fonte: Revista Veja

A leitura dessa matéria é de um teor muito relevante ao discutido no Blog. Uma relação construída há milhares de ano, que envolve emoções, afeto, não pode estar sendo tão desprezada pelos nossos Órgãos de saúde no tocante à política de Leishmaniose.

A reportagem tocou bastante na questão de aumento de serviço para Pet´s. A sensação que dá, é que o lucro é aqui o mais importante..o mercado pet.

Tenho total ciência de que nossos amigos merecem tudo que está ao nosso alcance… merecem os serviços especializados em tratamentos, prevenção, diagnóstico. Merecem serviços qualificados, profissionais qualificados. Merecem rações de boas qualidade, carinho, etc.

Na reportagem, há uma passagem:

Em junho, a zootecnista paulista Fernanda Manelli passou por um susto. Lana, sua bernese de 3 anos, quase morreu em razão de uma castração malfeita. A cadela foi salva graças aos novos recursos da medicina veterinária. Ao se constatar, por uma tomografia computadorizada, que um abscesso já comprometia vários órgãos, ela foi operada às pressas. "Gastei 3 000 reais. Mas a vida da Lana não tem preço", diz. "O tratamento de uma doença crônica custa por volta de 8 000 reais", informa Mário Marcondes, diretor do Hospital Veterinário Sena Madureira, o maior de São Paulo.

Um argumento que ouço muito das pessoas que são contra o tratamento da LVC é que os donos dos animais não teriam dinheiro para arcar com os custos de um tratamento. Primeiro que o tratamento de LVC tem um custo reduzido, logicamente com variações em cada caso, região, protocolo, mas que no geral, não é dispendioso, quanto o Dr. Mário Marcondes exemplificou acima no trecho. Segundo que, as indústrias de rações e produtos pet têm sido um dos ramos que mais crescem no mercado brasileiro. Sem contar nas empresas que prestam serviços de beleza, estética e relaxamento. E nem nos adestradores, psicólogos caninos…. enfim… uma verdadeira equipe! Esses tratamentos, esses rituais sim, custam caro e tem muita procura! É escova de chocolate, escova de silicone, tosa higiênica, tintura e descoloração, hidratação e cauterização do pêlo, spray finalizador de brilho, desenhos no pêlo (tatuagem), aplicação de unha (evitar que os pet´s arranhem os móveis ou a própria pele), serviço de fotógrafo canino (book canino de recordação), fabricação de bijouteria e jóias (ouro, prata e pedras preciosas) para cães (incluindo coleiras, placas de identificação, colares e piercings). Recentemente, com a Novela Caminho das Índias, a moda é os Bindis (terceiro olho) usado em cães, sem contar nos tradicionais lacinhos/xuxinhos e tic-tacs. Ah tem também os tratamento homeopáticos, acumputura, florais, banho de ofurô relaxante (com sais franceses), redes de convênio, resort´s para férias caninas, agência matrimonial, já falamos no memorial, empresas de pet model (agência de modelos para pet´s), a pet pintura (você manda pintar um retrato a óleo de seu pet), padarias e gourmets pet (oferecem quibe, esfiha, tortas doces e salgadas, doce de maçã e de banana, bolo de aniversário em formato de osso e pode ser de chocolate ou de frutas e pode servir até 30 cachorros convidados para as festas) é as festas, serviços de decoração/buffet especializados em festas. Há os pet shops só voltados para o público GLS, hidroesteiras/natação (fisioterapia e emagrecimento canino), caixas de areia decoradas para gatos, bolsa para transportar animais de até 4,5 kg… Hum será que esqueci de algo? Com certeza! temos camas com espuma para cães com problemas fisioterápicos, ovo de páscoa para cachorro, panetone para cachorro…

Por isso, nada de sair por ai dizendo que o problema da LVC é o custo e que os animais seriam abandonados. Os animais hoje são abandonados porque o terror aplicado à população mais carente (no ponto de vista da informação/educação), faz com que aumente o abandono. Ele está instrisicamente ligado também a proibição do tratamento… Ou seja, eu abandono porque não pode tratar…. ou eu abandono porque não quero ser contaminada…

A relação do humano com os animais merece muito mais respeito do Governo, até quando seremos ignorados neste direito?

Afinal eu pergunto? Quem venceu?

Ninguém está vencendo! Nossos cães estão sendo exterminados, as empresas pet´s tem lucrado cada vez mais, os médicos veterinários estão sendo proibidos de exercer sua profissão ….

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