Estudo desenvolvido pelo Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM), unidade da Fiocruz em Pernambuco, encontrou Leishmania em uma espécie de grande importância veterinária: o carrapato vermelho. A descoberta foi feita nos parasitos dos cães infectados por leishmaniose visceral americana (LVA), ou calazar, no município de São Vicente Férrer, situado no Agreste Setentrional do estado, onde a instituição mantém o Laboratório de Pesquisas em Doenças Endêmicas, financiado pelo Instituto Aventis Pharma France. Essa constatação será publicada brevemente na revista indexada francesa Cahiers Santé.
Imagem do Rhipicephalus sanguineus, cujo
aparelho digestivo pode abrigar a Leishmania
A presença de Leishmania sp (espécie ainda não-identificada) foi encontrada no tubo digestivo do carrapato, cujo nome científico é Rhipicephalus sanguineus. Atualmente, o material coletado vem sendo estudado para que seja definida a espécie envolvida. A pesquisadora do Departamento de Parasitologia do CPqAM e coordenadora do laboratório, Otamires Silva, ressalta que, apesar dessa descoberta, a literatura médica não encontrou evidências de que o carrapato vermelho possa parasitar o ser humano, limitando-se aos cães e gatos.
Em São Vicente Férrer não há registro de casos de LVA em humanos, pelo menos nos últimos três anos de trabalho do grupo do CPqAM no município; nem de seu vetor principal, o mosquito palha (Lutzomyia longipalpis), conforme a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Entretanto, a pesquisadora já fez um levantamento com 503 cães da área rural da cidade e, ao analisar as amostras sorológicas coletadas nesses animais, verificou que cerca de 62 (12,3%) delas estavam positivas para a leishmaniose. Esse fato estimulou outro estudo para relacionar os ectoparasitos (pulgas e carrapatos) encontrados nos cães com os resultados sorológico e parasitológico positivos, chegando à descoberta da presença de Leishmania no carrapato vermelho.
Otamires salienta que comprovações feitas por alguns autores sobre o carrapato vermelho sugerem a importância prática para o controle da leishmaniose visceral canina, bem como o conhecimento da história natural da doença. Isso modifica o conceito de que apenas o mosquito palha é considerado o único vetor e alvo de medidas de controle da leishmaniose visceral.
Fonte: Fiocruz
0 comentários:
Postar um comentário