quinta-feira, 30 de julho de 2009

Brasil não pode proibir o tratamento da leishmaniose canina!

O Blog Responde: Se na Europa e em todos os outros países do mundo os cães são tratados, por que motivo no Brasil não podemos?

Sim, nós podemos! Em inglês: Yes, We can! Em italiano: sì possiamo! Em japonês: はい私達はできる, Em espanhol: podemos sí!

O tratamento existe há muitos anos e a portaria não tem embasamento legal para a Portaria Interministerial n. 1.426, de 11 de julho de 2008, porque é direito do médico veterinário prescrever tratamento que considere mais indicado, bem como utilizar recursos humanos e materiais que julgar necessários ao desempenho de suas atividades. Além disso, portaria é um ato administrativo que não pode inovar, legislar, ou seja, precisa ser baseada em lei…

Segundo Vítor Ribeiro , o professor de Doenças Infecto-Contagiosas e Parasitárias de Cães e Gatos da Escola de Veterinária da PUC de Minas Gerais (PUC-Minas), existe um mito de que o uso de medicamentos comuns causem resistência no tratamento. Só que há 50 anos a Europa trata seus cães com Glucantime e nenhum tipo de risco foi detectado. Aliás, é o remédio preferido na Espanha, Portugal, França e Itália. “ O que falta é informação, conhecimento e atualização dos veterinários para as comprovações científicas e clareza sobre os fatos”, defende o professor. Ele explica que o tempo de tratamento vai depender de cada caso e que a possibilidade de cura é real. Iniciada a medicação, os ferimentos saem e o cão deixa de ser um transmissor. São várias as opções de tratamento e prevenção disponíveis e a eutanásia deve ser o último recurso …

Na Europa, autores têm demonstrado a eficácia do tratamento da LVC na redução da prevalência da doença canina em regiões onde ele é utilizado como forma de controle, e até neutralização da capacidade infectante de cães tratados, por meio de exames imunohistoquímicos da pele e xenodiagnósticos negativos. Também há remédios específicos para o tratamento em cães, alguns usados há pelo menos 40 anos. Lá, também foi criada uma ração terapêutica para os animais infectados.

No Brasil, a importação das drogas para tratamento dos cães ainda não foi aprovada pelo Ministério da Agricultura (responsável por este tipo de trâmite). No entanto, tratamentos com drogas alternativas vêm sendo realizados por veterinários de outros estados e do interior de São Paulo com sucesso.

Modelos matemáticos de transmissão de Leishmania sugerem a utilização de insecticidas e de vacinas como as medidas mais adequadas para controlar a LV e impedir que os cães de se tornem reservatórios do parasita.

Segundo a portaria, não existe até o momento fármacos ou terapias que garantam a eficácia do tratamento canino, bem como a redução do risco de transmissão. Essa argumentação é falsa e facilmente rebatida pela comunidade internacional de médicos veterinários. “A falta de capacidade do governo para enfrentar adequadamente o problema é latente. Ao invés de investir em políticas públicas de prevenção, como o combate ao mosquito transmissor, parece ser mais fácil editar uma norma nazista que não deixa saída para o melhor amigo do homem”, afirma o presidente da ARCA Brasil, Marco Ciampi.

A quimioterapia das leishmanioses está mais promissora atualmente do que há alguns anos, com novas drogas e novas formulações para as drogas que já vinham sendo utilizadas. A partir dos anos 90, o tratamento da LVC deu um salto de qualidade muito grande, ancorado principalmente no desenvolvimento de metodologias de diagnóstico mais precisas, em protocolos terapêuticos mais adequados, na associação com terapias de suporte eficientes e individualizadas, e em proprietários mais conscientes e colaboradores, o que permitiu o sucesso na resposta ao tratamento dos cães. O desenvolvimento de anfotericina B encapsulada em lipossomas (AmBisome) tem mostrado bons resultados, com cura de 90-95% na Índia. O miltefosine, uma droga desenvolvida como um agente antitumoral, mostrou 95% de cura efetiva em estudo no calazar indiano. Esta droga apresenta a vantagem de ser de uso oral e bem tolerada, embora seja potencialmente teratogênica, o que limita a sua utilização por grávidas e nutrizes. As novas drogas, principalmente AmBisome e miltefosine, têm mudado o perfil do tratamento da LV…

No caso do Brasil, as coisas acontecem sempre de uma forma diferente. Não é que aqui não funcione, porque teoricamente, as estratégias de controle parecem adequadas, mas na prática a prevenção de doenças transmissíveis por vetores biológicos é bastante difícil, ainda mais quando associada à existência de reservatórios domésticos e silvestres e aos aspectos ambientais, incluindo aspectos físicos de utilização do espaço habitado.
O entendimento das interações entre mudanças do meio ambiente urbano e os flebotomíneos vetores constituem um pré-requisito para o desenvolvimento de ações apropriadas de prevenção e estratégias de controle. Um dos fatores de risco mais importantes na aquisição da LV é a exposição ao inseto vetor. Lutzomyia longipalpis é uma espécie que se perpetua em diferentes biótopos e nenhuma outra espécie de flebotomíneo do Novo Mundo é tão sinantrópica.

O controle do vetor tem sido baseado no uso de inseticida direcionado para as formas adultas, uma vez que os criadouros da espécie são pouco conhecidos.

No Brasil, estas ações foram sempre descontínuas por diversas razões, tais como problemas orçamentários e escassez de recursos humanos adequadamente treinados. Estas medidas não atingiram os efeitos esperados, ocorrendo reinfestações dos ambientes e ressurgimento de casos humanos e caninos de LV.


Também foram tentadas experiências baseadas no controle do vetor e centradas no reservatório canino, como os experimentos recentes com coleiras impregnadas com deltametrina, que têm mostrado resultados promissores na proteção dos animais, com conseqüências na transmissão.
O impacto do controle canino através da remoção e sacrifício dos cães soropositivos tem sido discutido por se mostrar trabalhoso e de eficácia duvidosa

Soma-se a isso, as dificuldades técnicas e operacionais, a necesisdade de melhor discussão de estratégias de intervenção e tentam definir as áreas prioritárias de pesquisa.

De fato há que se valorizar e incentivar novas investigações e pesquisas aplicadas como fontes importantes de informações para subsidiar o Programa de Controle da LV no Brasil.

Fontes:

Leishmaniose Visceral no Brasil: quadro atual, desafios e perspectivas (pdf) - Célia Maria Ferreira Gontijo e Maria Norma Melo;

Acesso ao site Arca Brasil;

Blogs LVC

1 comentários:

Anônimo disse...

Entrei no blog hoje, pela primeira vez, e estou feliz por tê-lo encontrado! Obama é o exemplo de que os obstáculos que encontramos na vida serve para nos fortalecer e nos dá forças para romper barreiras e acreditar que podemos sim chegar onde queremos. E vc está fazendo a sua parte, ajudando muitas pessoas a se informarem. Os médicos veterinários que sem mostram preocupados e brigam pela causa, estão ao nosso lado em parceria e numa cumplicidade que supera os limites. Sim à mudança! Sim à vida!

Luiza Santos

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