Quem é o vilão da Leishmaniose? O cão ou o mosquito?
Vamos falar em Agente Etiológico? Agente etiológico: é o agente causador ou responsável por uma doença. Pode ser vírus, bactéria, fungo, protozoário ou helminto. A Leishmaniose tem como agente etiológico um PROTOZOÁRIO. As Leishmanioses são grupos de doenças causadas por protozários de gênero Leishmania. No Brasil, a Leishmaniose é causada pelo protozoário da família tripanosomatidae, gênero Leishmania, espécie Leishmania chagasi. Seu ciclo evolutivo é caracterizado por apresentar duas formas: a amastigota, que é obrigatoriamente parasita intracelular em vertebrados, e a forma promastígota, que se desenvolve no tubo digestivo dos vetores invertebrados e em meios de culturas artificiais.
Vamos falar em Vetor? Vetores são seres vivos que servem como intermediários da transmissão de doenças. Eles carregam o parasita (no caso o protozoário) e fazem a transmissão deles para outros seres. Geralmente os vetores são artrópodes (insetos e aracnídeos) ou roedores. Portanto, os vetores são mosquitos flebotomineios do gênero phbotomus no mundo antigo e lutamomyia no mundo novo. É um mosquito medindo em torno de 2 a 3 mm, de hábito peridoméstico e intradomiciliar e seu criadouro é feito na matéria orgânica úmida. Possuem a chamada peça bucal bem desenvolvida em forma de trompa, necessária para o ato de sugarem sangue, que é o alimento apenas das fêmeas desse inseto, já que os machos nutrem-se de seiva de plantas. Têm também o corpo revestido por formações quitinosas com a forma de pêlos e coloração amarelada, o que lhes dá aspecto de areia ou palha de milho, daí seu nome no Brasil de Mosquito palha. As fêmeas depositam seus ovos em locais úmidos e escuros, como tocas de tatus e outros animais silvestre, ou fendas do solo e cavernas com pouca luz. De cada ovo gerado com as reservas nutritivas próprias, nascem em geral quatro larvas ao cabo de 4 a 6 semanas. Estas evoluem para a fase de pupa que ao fim de aproximadamente 10 dias eclodem dando nascimento ao inseto adulto alado.
Vamos falar em hospedeiro? O hospedeiro é um organismo que abriga um parasita. O mosquito-palha, é um hospedeiro-intermediário do protozoário e também o vetor da doença causada por esse protozoário. Os hospedeiros do protozoário são restritos a espécies de flebotomíneos hematófagos (Ordem Díptera, Família Psychodidae Sub-Família Phlebotominae), especialmente à subspécie Lutzomya longipalpis e ao gênero Phlebotomus. Portanto, a Leishmaniose tem como hospedeiro, o homem, o cão e uma variedade de animais silvestres. O hospedeiro intermediário é o mosquito. Pelo de fato das fêmeas desses insetos alimentarem-se exclusivamente de sangue, e com a particularidade de buscarem suas vítimas sempre ao entardecer, na hipótese dessas vítimas quer sejam animais mamíferos ou o homem estarem contaminados pelo agente causador da Leishmaniose, encontrarão nesses insetos o hospedeiro intermediário para completarem seu ciclo biológico e tornando-se esses mosquitos vetores para a Leishmaniose, dando assim continuidade a través de futuras picadas do inseto a novas vítimas desse terrível mal.
Vamos falar em reservatório? Reservatório é qualquer local, vegetal, animal ou humano onde vive e multiplica-se um agente etiológico e do qual é capaz de atingir outros hospedeiros, independentemente de apresentar ou não os sintomas. Na leishmaniose, os reservatórios são vários mamíferos silvestres (como a preguiça, o gambá e alguns roedores, dentre outros) e domésticos (cão, cavalo etc.). Entre esses hospedeiros, alguns têm um papel preponderante na manutenção do parasito na natureza e são então chamados de reservatórios. No contexto epidemiológico, os reservatórios representam a principal fonte de infecção dos flebotomíneos que posteriormente transmitirão a doença ao homem. O cão doméstico é considerado o reservatório epidemiologicamente mais importante para a leishmaniose visceral, nas áreas urbanas e no nosso contexto. Para que ocorra a transmissão, o reservatório deve possuir parasitismo de pele ou sangue periférico.
Nas regiões próximas ao Mar Mediterrâneo o cão é o principal reservatório. No Oriente Médio, o chacal e o cão são as principais fontes de infecção. Na Índia, por outro lado, o homem é o reservatório principal, não se têm encontrado cães ou outros animais infectados e a transmissão ocorre de um a outro homem por meio do flebótomo. No Sudão, são encontrados animais reservatórios, mas a transmissão se dá homem a homem através do vetor. Na China ocorre a transmissão entre seres humanos através do vetor e também com reservatórios animais, dependendo da região.
A culpabilização do cão é algo que precisa ser melhor elaborado. A importância do cão como fonte de infecção para o vetor, está relacionado à presença do parasita na pele do animal, que pode não manifestar os sintomas da doença. No entanto, muitos estudos têm demonstrado fraca correlação espacial entre a incidência cumulativa de leishmaniose humana com a soroprevalência canina e que o tratamento dos cães, somados à medidas de prevenção (como as coleiras repelentes) reduz carga parasitárias desses animais, diminuindo o risco de transmissão.
Portanto, é preciso ainda muitas pesquisas envolvendo outros fatores como: capacidade e densidade vetorial, taxa de parasitemia animal, vulnerabilidade do susceptível e revisão de conceitos como o papel do vetor, do cão e do homem na cadeia de transmissão, o potencial de impacto sobre a transmissão e a intervenção sobre os elos da cadeia epidemiológica.
De que jeito se pega a Leishmaniose?
A leishmaniose é uma doença não-contagiosa. Doenças não-contagiosas não são transmitidas por contato direto, por alimentos contaminados, por tosse ou espirro, pelo ar, pela saliva, por contato íntimo, ou por intermédio de lesões cutanêas ou ferimentos…
Há relatos de transmissão dos parasitas por transfusões de sangue ou agulhas contaminadas. Também já foi registrados casos de transmissão congênita, da mãe grávida - portadora do parasita-, para o bebê.
O jeito mais comum de uma pessoa pegar leishmaniose visceral é pela picada da fêmea do mosquito (que esteja infectado pelo protozoário Leishmania, o agente causador da doença), que dependendo da localidade, recebem nomes diferentes, tais como: mosquito palha, tatuquira, asa branca, cangalinha, asa dura, palhinha ou birigui. Por serem muito pequenos, estes mosquitos são capazes de atravessar mosquiteiros e telas. São mais comumente encontrados em locais úmidos, escuros e com muitas plantas. As pessoas dificilmente percebem a presença dos mosquitos porque eles não fazem barulho ao voar, são muito pequenos e as picadas são indolores.
Portanto, não se pega a Leishmaniose, combatendo o principal vetor do doença: o mosquito!
Ao contrário da Leishmaniose, a doença do não ver, não ouvir e não saber é altamente contagiosa. Essa sim, é mais difícil de combater…
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