Existem no mundo quase 900 espécies de carrapatos. Só no Brasil são mais de 50, como a do carrapato-dos-cavalos, a dos bovinos e a dos cães.
A Embrapa considera como a espécie de maior atenção atualmente, o Boophilus microplus, o carrapato-do-boi, devido aos prejuízos que causa à pecuária nacional, hoje estimados em dois bilhões de dólares ao ano. Essas perdas são conseqüência da falta de conhecimento do inimigo, levando a uma série de erros cometidos na tentativa de controlá-lo. Há a crença, por exemplo, que, por se tratar de uma única espécie, apenas um carrapaticida pode ser a solução para todos os produtores de uma região.
Há, ainda, a falsa idéia de que todo o ciclo do carrapato se passaria sobre o corpo do animal e, portanto, todo o combate deveria ser direcionado ao bovino. O mesmo podemos afirmar no caso de cães. Na verdade, aproximadamente 95% dos carrapatos encontram-se no ambiente, seja a pastagem em caso bovinos e onde os cães ficam. E o melhor que se pode fazer para combatê-los é associar medidas relacionadas a carrapato, hospedeiro e ambiente.
A Empraba publicou uma coleção de cartilhas especialmente para produtos de leite e pecuaristas em geral, em que são apresentados o ciclo de vida do carrapato-dos-bovinos e os erros que normalmente são cometidos na tentativa de controlá-lo, bem como a forma de corrigi-los.
O conteúdo pode muito nos ajudar a combater os carrapatos em nossas casas e principalmente em desmistificar o uso indevido de produtos por conta própria sem conhecimento.
Com medidas simples, fundamentadas no conhecimento do inimigo e na correção de tais erros, é possível controlar o carrapato de modo eficiente e, dessa forma, minimizar os prejuízos determinados pelo parasitismo.
NOS CÃES
O principal carrapato dos cães, Rhipicephalus sanguineus, por ser hematófago (alimentar-se de sangue), é o principal vetor biológico e reservatório de Ehrlichia canis (Erliquiose), sendo responsável também pela transmissão de outros patógenos como Babesia canis, B. caballi, B. equi e riquétsias causadoras da febre maculosa. O cão doméstico é o único hospedeiro primário conhecido para os três estágios parasitários (larva, ninfa e adultos) de R. sanguineus, para os quais, o cão não desenvolve imunidade efetiva (Szabó et al., 1995), refletindo uma forte interação parasito-hospedeiro. Este fato demonstra que um único cão pode servir por tempo indeterminado como hospedeiro adequado para todos os estágios parasitários do R. sanguineus, e que a presença de um ou mais cães é um fator condicional ao estabelecimento de uma população de R. sanguineus num determinado local.
Ciclo de vida
Por ser um carrapato da família Ixodidae, o R. sanguineus apresenta três formas parasitárias dentro de seu ciclo de vida: larva, ninfa e adulto, este último é o único estágio com dimorfismo sexual(machos e fêmeas diferentes).
No final do período parasitário, as larvas e ninfas ingurgitadas se desprendem do hospedeiro para fazer, no ambiente, a ecdise (troca de fase) para o próximo estágio evolutivo, sendo ninfas e adultos, respectivamente. As fêmeas ingurgitadas( gordinhas, alimentadas e cheias de ovinhos), que foram fertilizadas pelos machos sobre o hospedeiro, se desprendem deste para fazerem a postura de ovos no ambiente. Cada fêmea pode colocar de 1000 a 3000 ovos, que após incubados por algumas semanas, darão origem às larvas. Os machos, que ficam sobre o hospedeiro por vários dias ou semanas, não ingurgitam ou não aumentam nitidamente de tamanho, mas podem fertilizar várias fêmeas neste período. A duração das fases de desenvolvimento em vida livre (ecdise, postura e incubação dos ovos) pode variar de poucas semanas a alguns meses, sendo inversamente proporcional à temperatura ambiente. R. sanguineus é um carrapato de hábitos nidícola (do latim nidi=ninho; cola=que permanece). Portanto, é um carrapato que passa as fases de vida livre nas habitações ou locais de repouso de seu hospedeiro.
Em se tratando dos cães, estes locais de repouso ou habitações podem ser a própria casinha do cão, um cômodo de uma residência, um canto de um quintal, etc. Desta forma, todas as fases de desenvolvimento em vida livre do carrapato (ecdises, postura e incubação dos ovos) se passam em frestas ou buracos presentes nas paredes ou teto destes locais onde o cão vive. É interessante observar que ao final de um repasto sangüíneo, os carrapatos nidícolas tendem a se desprender do hospedeiro quando este último se encontra no interior do abrigo, a fim de garantir o ciclo nidícola naquele ambiente, de forma que o estágio subsequente do carrapato não tenha dificuldade de encontrar o hospedeiro para dar seqüência ao ciclo. Os estágios ingurgitados de R. sanguineus, apresentam geotropismo negativo após se desprenderem do hospedeiro, propiciando para que as fases de ecdise, postura e incubação dos ovos se passem acima do nível do solo onde o cão vive (Labruna & Pereira, 2001). Tal comportamento é extremamente diferente de outras espécies de carrapatos do Brasil (ex. Amblyomma cajennense, Boophilus microplus, Dermacentor nitens), cujas formas ingurgitadas apresentam geotropismo positivo após se desprenderem de seus hospedeiros. O comportamento geotrópico negativo exercido pelos estágios ingurgitados de R. sanguineus são extremamente importantes no sentido de favorecer para que uma população de carrapatos colonize residências contíguas em uma determinada área, pois propicia para que os carrapatos atravessem barreiras físicas verticais, tais como muros e paredes.
Erros mais comuns
Clique na imagem para saber sobre a melhor forma de proceder na eliminação dos carrapatos.
Dicas importantes
Fontes:
Congresso Brasileiro de Parasitologia Veterinária & I Simpósio Latino-Americano de Ricketisioses, Ouro Preto, MG, 2004. Rev. Bras. Parasitol.Vet., v.13, suplemento 1, 2004.
Cartilha da Embrapa:Controle do Carrapato Estrela
Cartilha da Embrapa:10 Passos para controle de Carrapatos
Cartilha da Embrapa:Controle Estratégico de Carrapatos
Cartilha da Embrapa:Principais Erros no Controle de Carrapatos
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