sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Tratamento Leishmaniose Canina - Discussões

 

O BLOG DISCUTE E RESPONDE

Qual vacina devo usar? Leishmune ou Leish-Tec??

É importante pesquisar e conhecer os manuais e pesquisas que foram publicadas sobre as vacinas. Elas possuem particularidades técnicas que necessitam de rigoroso protocolo: uma consulta clínica com médico veterinário, realização de exame sorológico (apenas cães não reagentes podem vacinar) e liberação da vacina para cães acima de 4 meses de idade.

Ambas vacinas possuem posologia de 3 doses aplicadas com intervalo de 21 dias entre as aplicações e reforço anual.

Outras particulariedades:

Leishmune – promove produção de anticorpos anti-leishmania ; há relatos de efeitos colaterais como nodulação e dor no local de aplicação, notados principalmente em cães de raça pequenas. No entanto, essa dor tem duração de apenas alguns dias e pode ser utilizado analgésicos e antiinflamatórios como auxiliares. Esse desconforto pós vacinal é transitório e não deve ser motivo de preocupação para os proprietários. É a primeira vacina lançada no Brasil e isso é um ponto positivo, pois já há indicadores confiáveis sobre sua eficácia.

Para a obtenção do registro da Leishmune em 2003, as pesquisas demonstraram proteção de 92 a 95%. Além disso, 2 estudos de campo, pós obtenção do registro, também foram publicados em 2008, demonstrando, em 600 cães, a segurança, inocuidade e eficácia da Leishmune durante 2 anos de acompanhamento em condições de desafio natural (com 98,8% de proteção no primeiro ano e 99% ao final do segundo ano). E, finalmente, também foi realizado um acompanhamento junto a médicos veterinários que utilizam a Leishmune desde 2004, que demonstrou que cerca de 97% dos cães vacinados estão protegidos.

Leish-tec – Tem demonstrado menor efeito colateral, faltando apenas tempo de utilização para que possamos avaliar seu poder de proteção. Lançada em 2008, a leish-tec pertence ao grupo de vacinas recombinantes que são derivadas de modificações genéticas em microrganismos. Elas podem ser compostas por proteína ou por vírus recombinante e apresentam a vantagem de permitir uma avaliação detalhada da resposta imune induzida pela imunização. Outra vantagem das vacinas recombinantes está associada ao fato de que é possível empregar antígenos extremamente bem caracterizados, em que todas as propriedades imunogênicas (epítopos) das diferentes porções da molécula possam ser identificadas e caracterizadas.

A vacina jamais deve ser o único método de prevenção. É necessário rigor no diagnóstico e no acompanhamento, além de manter todas as outras medidas preventivas existentes, como USO DE REPELENTES e HIGIENE NO AMBIENTE, principalmente.

Afinal, Leishmaniose tem cura ou não?!

De fato, sim. Se tratado com responsabilidade. Cães não tratados ou tratamentos mal sucedidos tendem a  apresentar os sinais clínicos tempos após o término do  tratamento e a maioria permanece como reservatório, ou  seja, ainda são fonte de infecção. É importante usar coleiras repelentes, higienizar e detetizar ambiente e estar sempre realizando manutenção periodicamente no médico veterinário. O risco de transmissão em cães tratados é reduzido. Há veternários que relatam casos de cura parasitológica.  Isto significa ter um animal  clinicamente  saudável, ausência do parasita de leishmania na  medula, linfonodos, pele e resultados de  exames sorológicos não  reagentes. Infelizmente muitos veterinários, seja por desinformação e desconhecimento da existência do tratamento, por desinteresse em atualização e outros motivos, alegam que não existe o tratamento. Essa problemática, somada ao silêncio do nosso Ministério da Saúde, vem agravando a disseminação da doença e o extermínio sistemático e indiscriminado de animais, mediante uma justificativa de este ser o único meio eficaz de controle e erradicação da leishmaniose. A OMS e outras entidades de igual valor já CONCLUIRAM em várias pesquisas a ineficácia da eliminação sistemática dos cães. Ao contrário, indicam como  meios eficazes e dignos o controle da superpopulação canina e felina,  medidas preventivas, como campanhas de conscientização da população para o exercício da posse responsável, vacinação e adoção dos animais, castração e somente utilizando a eutanásia nos casos excepcionais e irreversíveis, através de métodos indolores. O tratamento existe, é recomendado pelos especialista, mostra-se eficiente, e os problemas no manejo do tratamento é comum a quaisquer outras patologias.

Tratamento ou eutanásia???

Depende do proprietário e do estado de saúde do animal.

Do proprietário: em assumir compromisso do tratamento, os riscos, os custos, etc.

Cachorro: condições gerais de saúde para iniciar tratamento.

Tratamento com protocolos caseiros. Qual o risco?

A leishmaniose é uma zoonose e os números de óbitos em humanos é alarmante. O problema da leishmaniose não é somente o comprometimento renal e hepático dos cães. O quadro em si da própria doença é terrível, instável e se não cuidado a tempo leva a óbito.   Os protocolos disponíveis na internet, é contra-indicado por diversos motivos: 

(a) as leishmanioses  podem ser fatais tanto para os humanos como para os  animais e por isso, o médico veterinário é o único  profissional apto a tratar esses animais.

(b) é  vedado ao médico veterinário fornecer receitas via internet.

(c) os animais tratados deverão ser acompanhados  durante toda a vida por um profissional e deverão ser  submetidos a diversos exames periodicamente. Se você tiver uma bola de cristal, poderá acompanhar as alterações que ocorrem no organismo do cachorro. Se não tiver, procure veterinário.

(d) há cães que não respodem ao tratamento ou pioram devido ao estado inicial de saúde.

(e) se tratar em casa fosse fácil, as leishmanioses já teriam sido erradicadas há muito tempo  e haveriam muito mais opções terapêuticas eficazes,  métodos de diagnósticos mais precisos e medidas de controle mais efetivas.

Trate seu cão de forma segura e correta. Ele merece nao é?

O que devo fazer, após receber do CCZ exame com resultado reagente (positivo) para leishmaniose?

(a) Sempre solicite  o LAUDO do exame, onde deve constar os dados do seu  animal, os dados do proprietário, endereço, contato e a assinatura do responsável pelo exame. Caso contrário, a  simples comunicação verbal não tem qualquer significado.

(b) Faça exame particular devido à ocorrência de falsos-positivos. Espere o resultado deste novo exame. Chama-se isto de contra-prova. Veja postagens no blog que remetem à ocorrências de exames falso-positivo.

(c) Mantenha seu cão protegido com coleiras e repelentes e faça controle no ambiente com inseticidas.

(d) Siga as orientações do médico veterinário responsável por seu animal.

(e) Em caso de confirmação do exame como sendo reagente, faça opção levando em consideração as suas condições. O tratamento existe, por isso, não aceite caso o médico veterinário diga ao contrário. Você tem direito à verdade mesmo que não opte pelo tratamento. Se após conversar com profissional e ficar  ciente de como o tratamento é realizado e deverá ser conduzido, e assim, resolver pela eutanásia, sugerimos que ao menos realize por um médico de confiança.

(f) Ao optar pelo tratamento, e tiver dúvidas sobre os aspectos legais, entre em contato com as principais entidades de defesa de animais (Abrigo dos Bichos, Proanima), peça indicações de legislação e advogados que possuem experiência na causa. Há no blog vários posts sobre o tema. Fato importante é que o CCZ não tem autoridade para levar seu animal e entrar na sua casa, sem que você queira. A inviolabilidade do domicílio é um direito fundamental de todos previsto no art. 5º, XI da Constituição de 1988. As exceções a ele SÓ podem existir no texto constitucional. São elas: Flagrante delito ,Desastre , Prestar socorro ou durante o dia, por determinação judicial. Portanto nenhum agente da vigilância sanitária pode entrar na casa se alguém sem consentimento do morador para tirar sangue dos cães, sob pena de praticar algum delito como violação de domicílio (art. 150 do código penal) ou abuso de poder(art. 350,IV do CP).

1 comentários:

Anônimo disse...

A vacina Leish-Tec também não soroconverte o animal, ou seja, após a vacinação ele continua soronegativo.

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